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Mulheres dizem que foram dopadas e estupradas por empresário de família tradicional: “Muita dor”

Rodrigo Carvalheira, de 34 anos, teve a prisão preventiva cumprida em Recife; ele nega as acusações

Ele nega as acusações e se diz inocente
Empresário Rodrigo Carvalheira, de 34 anos, foi preso suspeito por estupros e agressões contra mulheres, em Pernambuco (Reprodução/Redes sociais)

Vítimas que denunciaram o empresário Rodrigo Dib Carvalheira, de 34 anos, por estupros e agressões, disseram que foram dopadas e muito machucadas por ele. Os casos seguem em investigação e a Justiça decretou a prisão preventiva do homem, integrante de uma família tradicional conhecida por ser dona de restaurantes e atuar na produção de grandes eventos em Pernambuco. Ele nega as acusações.

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Uma das vítimas, que não quer ser identificada, disse à TV Globo que foi dopada e estuprada pelo empresário em 2009, quando ela tinha 18 anos. Ela relatou que estava em uma boate com amigos, em Recife, quando Carvalheira a abordou.

“Ele me deu um comprimido, eu tomei. E aí continuou a festa e eu vi que eu estava ficando, tipo, muito louca, comecei a passar mal. [...] Eu lembro que saí do banheiro e ele estava me esperando na porta [...] Quando eu vi, ele ‘e aí, bateu?’, e eu: “Titela, eu estou passando meio mal, preciso ir para casa’, aí ele ‘não, fique tranquila, eu te levo’”, contou a mulher.

Ela disse que não se lembra muito bem do que aconteceu enquanto ele deu a carona, mas quando acordou teve ciência da violência que tinha sofrido. “Acordei numa cama e tinha muito sangue. [...] Quando eu fui tomar banho, foi quando eu vi o quanto eu estava machucada [...] ainda estava com sangue, com muita dor”, lembrou a vítima.

Outras duas mulheres também fizeram denúncias semelhantes contra o empresário. Uma delas disse que o estupro ocorreu no carnaval de 2019, quando Carvalheira foi buscá-la em casa para uma festa.

“Ele já estava com um copo de bebida na mão, enfiou um comprimido na minha boca, que eu não vi nem a cor nem nada. [...] Eu já tinha bebido muito, estava muito vulnerável, sonolenta, enfim, e engoli o remédio. Na época, ele disse que era uma droga, disse que era um ecstasy. A partir daí, eu não tenho mais lembrança nenhuma, minha memória apagou completamente”, relatou ela.

No dia seguinte, a mulher disse que acordou muito machucada e com várias marcas de sangue espalhadas pela casa. Ao conversar com outras pessoas no círculo de amizade que eles tinham, soube de outras vítimas do empresário, que sempre agia daquela forma.

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Já a terceira vítima denunciou à polícia ter sido estuprada em 2011, quando tinha 17 anos. Ela deixava uma festa, quando Carvalheira apareceu e ofereceu carona. Ela confiou nele e foi, mas no meio do caminho ele desviou para um motel. Ela não queria entrar no local, mas disse que foi obrigada pelo homem e acabou sendo estuprada.

As denúncias são apuradas pela Polícia Civil e, na manhã de quinta-feira (11), o empresário foi preso em Recife. O Tribunal de Justiça do Pernambuco (TJPE) informou que “casos que tratam de violência doméstica e sexual contra a mulher correm em sigilo, com o objetivo de preservar a intimidade da vítima”. Assim, nenhum detalhe do processo foi revelado.

O que disse o empresário?

Ao sair da delegacia para o exame de corpo de delito, acompanhado pela esposa, o empresário se disse à TV Globo que está surpreso com as acusações. “Tudo será apresentado. Sou inocente. São muito minhas amigas e eu acho incrível que está acontecendo isso”, afirmou.

Já a advogada Graciele Queiroz, que defende Carvalheira, destacou, em nota, que a prisão “causou espanto e estranheza para todos”.

“Os fatos narrados são graves, porém baseados unicamente na opinião da autoridade policial e na coleta de depoimentos. Rodrigo, ao longo dos últimos meses, se colocou à disposição da autoridade policial para prestar esclarecimentos e colaborar com a polícia. Seu objetivo sempre foi provar sua inocência e esclarecer os fatos confusos. Rodrigo pediu para ser ouvido de forma espontânea na delegacia, mas a delegada que preside o inquérito não quis. A defesa técnica de Rodrigo Carvalheira afirma que todos os fatos serão esclarecidos e a inocência de Rodrigo restará provada”, destacou a defensora.

Em entrevista à “Folha de Pernambuco”, Graciele diz que a prisão foi motivada por “show midiático e político”. Segundo a advogada, as denúncias sobre estupro e agressão ocorreram em novembro do ano passado, por parte de três mulheres. O envolvimento entre eles aconteceu entre 2006 e 2009, mas sempre de forma consensual, segundo a defesa.

Ele integra uma família tradicional no Recife
Empresário Rodrigo Dib Carvalheira, de 34 anos, foi preso após ser denunciado por mulheres por estupro e agressão, em Pernambuco (Reprodução/Redes sociais)

Quem é Rodrigo Carvalheira?

Além de empresário, Rodrigo Dib Carvalheira foi eleito presidente do antigo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em Pernambuco, em 2023. Em novembro daquele ano, o partido se fundiu ao Patriota e se tornou o novo Partido da Renovação Democrática (PRD). A legenda ainda não se pronunciou sobre o caso.

O empresário também foi secretário de Turismo na cidade de São José da Coroa Grande, no Litoral Sul de Pernambuco. De acordo com a prefeitura, ele ocupou o cargo entre janeiro e dezembro de 2023 e deixou a função “por fins políticos”. A administração municipal expressou “seu mais profundo repúdio diante das recentes acusações de estupro e agressão contra mulheres envolvendo o ex-secretário de Turismo”.

Carvalheira é conhecido por ser dono de restaurante e de vários empreendimentos imobiliários em Pernambuco.

Por causa de ser sobrenome, muitos ligaram que ele era dono da produtora de eventos Carvalheira. Porém, apesar de ser parente dos proprietários, a empresa ressaltou que “não existe nenhum tipo de relação do empresário” com a companhia.

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