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Helicóptero que caiu em SP ‘colidiu com vegetação’ durante o voo, diz Cenipa; quatro pessoas morreram

Análise preliminar aponta que a aeronave, que seguia para Ilhabela, sofreu danos de natureza ‘substancial’

Não houve sobreviventes
Helicóptero que levava quatro pessoas ficou completamente destruído após queda, em SP (Reprodução)

Um relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) aponta que o helicóptero que caiu quando seguia para Ilhabela, no litoral de São Paulo, colidiu com vegetação enquanto sobrevoava a cidade de Paraibuna. Após 12 dias de buscas, a aeronave foi encontrada em uma área de mata, onde também estavam os corpos do piloto e de três passageiros (veja quem são as vítimas abaixo).

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“A aeronave decolou do aeródromo Campo de Marte (SBMT), São Paulo, SP, com destino ao heliponto Maroum (SJDO), Ilhabela, SP, com um tripulante e três passageiros a bordo, a fim de realizar voo privado. Durante o voo, a aeronave colidiu com a vegetação em área de mata do município de Paraibuna, SP”, diz o relatório do Cenipa.

O órgão da Força Aérea Brasileira (FAB) explicou que o helicóptero sofreu danos de natureza “substancial” e ressaltou que a análise das causas do acidente ainda está em fase “inicial”. Por isso, o teor ainda pode ser alterado e “não vincula obrigatoriamente as conclusões que serão lançadas no Relatório Final.”

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“As investigações realizadas pelo Cenipa não buscam o estabelecimento de culpa ou responsabilidade, tampouco se dispõem a comprovar qualquer causa provável de um acidente, mas elaboram hipóteses que permitem entender as circunstâncias que podem ter culminado na ocorrência”, ressaltou o Centro.

Relembre o caso

A aeronave partiu da capital paulista com destino a Ilhabela, no último dia 31, véspera de Réveillon, mas sumiu dos radares poucas horas depois e não fez mais nenhuma comunicação.

De acordo com a Polícia Militar, a aeronave com prefixo PRHDB, modelo Robson 44, decolou às 13h15 do Campo de Marte e fez seu último contato às 15h10 daquele dia, enquanto sobrevoava a região de Caraguatatuba.

Estavam a bordo Luciana Rodzewics, de 46 anos, a filha dela, Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, de 20, além de Raphael Torres, de 41, que é amigo da família e fez o convite para o passeio. O voo era realizado pelo piloto Cassiano Tete Teodoro, de 44. Todos morreram.

Conforme o Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), uma antena em Paraibuna identificou sinais do celular de Raphael Torres até às 23h54 do dia 31 de dezembro, dia do desaparecimento. Antes disso, na mesma região, o sinal do celular de Luciana também já tinha sido captado na mesma região, até às 22h14 do dia 1º de janeiro.

A aeronave foi localizada pela PM exatamente nessa região na manhã da última sexta-feira (12). Depois disso, helicóptero H-60 Black Hawk, da FAB, se deslocou até o local com uma equipe especial de resgate, que encontrou os corpos das quatro vítimas.

Veja quem são as vítimas abaixo:

Buscas ainda são realizadas
Letícia Ayumi Rodzewics Sakumoto, de 20 anos, e sua mãe, Luciana Rodzewics, de 46 (Reprodução/Arquivo pessoal)
  • Luciana Rodzewics, de 46 anos (passageira)

Moradora do bairro do Limão, na Zona Norte de São Paulo, a paulista Luciana trabalhava como autônoma, vendendo roupas pela internet. De acordo com seu perfil no Linkedin, ela também já atuou como assistente comercial e consultora de vendas.

Ela aceitou um convite do amigo, Raphael Torres, para fazer um passeio bate e volta a Ilhabela, às vésperas do Réveillon. A mulher levou a filha, Letícia, e compartilhou nas redes sociais um vídeo que mostrou o momento em que o helicóptero decolou do Campo de Marte.

  • Letícia Ayumi Rodzewics, de 20 anos (passageira)

Filha de Luciana, Letícia acompanhava a mãe no passeio de helicóptero. A jovem morava com Luciana no bairro do Limão e tinha um salão de beleza na Zona Norte.

Letícia namorava o militar da Força Aérea Brasileira (FAB) Henrique Thiofilo Stellato. Foi para ele que, durante o voo, a jovem enviou um vídeo que mostrava o mau tempo (veja abaixo). Na sequência, fez um contato com o rapaz, dizendo que o piloto tinha feito um pouso de emergência em uma mata. Depois disso, não houve mais notícias.

  • Raphael Torres, de 41 anos (passageiro)

Empresário do ramo de medicamentos, Raphael Torres foi quem organizou o passeio de helicóptero e convidou a amiga, Luciana. Ele passaria a virada do ano em Ilhabela e a chamou para a viagem bate e volta.

Irmã do empresário, Herika Torres contou, em entrevista ao site UOL, que ele era acostumado a fazer viagens de helicóptero e, inclusive, já conhecia o piloto de outros voos. Além disso, ela relatou que o irmão e Luciana eram amigos de longa data.

“Ele era amigo da Luciana há algum tempo. É por isso que ela se sentiu confortável, inclusive, de levar a filha para ir. Era um passeio comum”, afirmou.

Ele organizou o passeio
Empresário Raphael Torres, de 41 anos, morreu em queda de helicóptero que desapareceu a caminho do litoral de SP (Reprodução/Redes sociais)
  • Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos (piloto)

O voo era realizado pelo piloto Cassiano Tete Teodoro, que tinha apenas licença pessoal para voar, ou seja, não podia realizar táxi aéreo. Isso porque ele teve a licença cassada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), em setembro de 2021, depois que ele jogou uma aeronave contra um servidor do órgão que fazia uma fiscalização.

A punição durou dois anos e o piloto precisou refazer os cursos formativos de aviação antes de solicitar uma nova licença. Ele refez os procedimentos e, em outubro de 2023, obteve o novo documento. Apesar disso, Teodoro seguia sem autorização para fazer voo remunerado.

Ele não podia fazer voos remunerados
Piloto Cassiano Tete Teodoro, de 44 anos, morreu em queda de helicóptero que seguia para o litoral de SP (Reprodução/Redes sociais)

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