A menina Heloísa dos Santos Silva, de 3 anos, que foi baleada enquanto estava no carro da família, no Arco Metropolitano, em Seropédica, na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro, não resistiu aos ferimentos e morreu no sábado (16). O corpo dela foi enterrado no domingo (17), no Cemitério Municipal de Petrópolis. Após a cerimônia, a mãe dela, Alana dos Santos, fez um desabafo emocionado nas redes sociais.
“Filha, desculpe por não proteger você, mas hoje entendi que você é uma escolhida por Deus e muito antes de eu te amar, ele te amou. Sua família te ama tanto, que aqui não serei capaz de dizer. Mãe te ama até o céu. Seu cheirinho, seu bafinho de todas as manhãs...Você é luz! Obrigada por esse momento em que vivemos juntas, quanta coisa aprendi. Você é o amor da minha vida Heloísa. Cuida de nós”, escreveu a mãe.
“Eu pedi tanto a Deus força e hoje é o que me sustenta, saber que está ao lado do senhor, que é um anjinho lindo, cheia de luz e amor, sem dor, sem esse sofrimento que foi tão pesado. A vida aqui para você seria pequena, com sua alegria, danças, cantos e tantas outras coisas que ama fazer. Chegar em casa e ver suas coisinhas me destrói. Procurar uma roupa sua que ainda não foi lavada para sentir seu cheiro é o que me acalma agora. Sua irmã sente tanto a sua falta, que ela grita pelo seu nome”, lamentou Alana.
Heloísa foi baleada no último dia 7 de setembro. Além dela e dos pais, estavam no carro da família a irmã, de 8 anos, e uma tia. A família, que mora em Petrópolis, passou o feriado do Dia da Independência em Itaguaí e, enquanto voltava para casa, passou por um posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF).
Ela foi socorrida passou nove dias no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes. No boletim médico, a equipe informou que ela sofreu uma parada cardiorrespiratória irreversível e faleceu.
O laudo do Instituto Médico Legal (IML) indicou que a causa da morte da menina foi “lesão transfixante de encéfalo por projétil de arma de fogo”.

Relembre o caso
O pai de Heloísa contou que eles voltam para casa, quando passou por um posto da PRF, no feriado do Dia da Independência. Ele ressaltou que estava na velocidade permitida e não foi abordado. Mas, logo depois, percebeu quando um veículo da corporação passou a segui-lo. Assim, o motorista disse que deu seta e, antes de conseguir parar, os agentes efetuaram disparos.
“A Polícia Rodoviária Federal estava parada ali no momento que a gente passou. A gente passou e eles vieram atrás. Aí eu falei: ‘Bom, tudo bem, mas eles não sinalizaram para parar’. E aí, como eles estavam muito perto, eu dei seta e, neste momento, quando meu carro já estava quase parado, eles começaram a efetuar os disparos”, disse o pai em entrevista à TV Globo, reproduzida pelo site G1.
“Eu coloquei a mão para o alto, saiu todo mundo, só a minha menorzinha que ficou dentro do carro”, lamentou o pai.
Silva disse, ainda, que os policiais ficaram “desesperados” e alegaram que os tiros vieram de outro local. Porém, o homem contesta essa versão. “Disseram que disparos vieram de outros locais, sendo que só tinha o meu carro e o carro deles no Arco Metropolitano, escuro, de noite”, afirmou.
Após a repercussão do caso, a PRF afastou três agentes envolvidos no caso. Em depoimento, o agente Fabiano Menacho Ferreira admitiu ter feito os disparos de fuzil contra o carro da família. Segundo ele, a placa indicava que o veículo tinha sido roubado e, mesmo depois de dar ordem de parada, o motorista seguiu viagem.
Ainda no depoimento, o policial disse que os agentes escutaram um som de disparo de arma de fogo, quando decidiram reagir. Assim, Ferreira disse que disparou três vezes.
Os outros agentes envolvidos, Matheus Domicioli Soares Viegas Pinheiro e Wesley Santos da Silva, confirmaram a versão do colega. O caso segue sendo apurado pela Corregedoria da PRF e pela Polícia Civil.
Repercussão
Ao saber da morte da criança, a PRF emitiu uma nota de pesar no sábado: “Solidarizamo-nos com os familiares, neste momento de dor, e expressamos as mais sinceras condolências pela perda”. A instituição ressaltou que uma investigação está em curso e também que a Comissão de Direitos Humanos segue acompanhando a família.
Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que a morte de Heloísa é “algo que não pode acontecer. “Morreu hoje a pequena Heloisa dos Santos Silva, de 3 anos, atingida por tiros de quem deveria cuidar da segurança da população. Algo que não pode acontecer. A dor de perder uma filha é tão grande que não tem nome para essa perda. Não há o que console. Meus sentimentos e solidariedade aos pais e demais familiares.”
O ministro da Justiça, Flávio Dino, por sua vez, publicou a mensagem de condolências da PRF e disse que o processo administrativo sobre o caso foi instaurado no mesmo dia em que a menina foi baleada, e que já existe um inquérito policial na PF, que será enviado ao Ministério Público Federal e à Justiça. “Minha decisão só pode ser emitida ao final do processo.”
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