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Petrobras perde R$ 72 bi em um dia após demissão

Isac Nóbrega/Divulgação

Os principais índices econômicos do país caíram ontem em forte reação do mercado aos sinais de que o presidente Jair Bolsonaro interfere politicamente na Petrobras. Foi o primeiro dia de funcionamento completo da bolsa de valores após o anúncio de que haveria mudança no comando da estatal em meio às críticas do presidente sobre os constantes aumentos de preços nos combustíveis. 

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A indicação do general Joaquim Silva e Luna, atual diretor da Itaipu Binacional, no lugar de Roberto Castello Branco, indicado por Bolsonaro após as eleições de 2018, foi comunicada por meio da rede social do presidente. A mudança precisa ainda do aval do conselho da Petrobras.

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Na sexta-feira, as ações da empresa já registravam queda de quase 8%, com perda de R$ 28,2 bilhões em valor de mercado. Ontem, elas fecharam o dia negativas em 21,51%, equivalente a cerca de R$ 72 bilhões a menos em valor, o segundo maior tombo nos últimos 27 anos, de acordo com levantamento da Economatica. Outras estatais também “derreteram” com a desconfiança do mercado. O Banco do Brasil, por exemplo, teve queda de 11,65%. A B3, bolsa de valores brasileira, caiu 4,83%.

O dólar chegou a R$ 5,53 frente ao real no início do dia e precisou ser freado com intervenção do Banco Central. Ao fim do dia, a moeda fechou em queda de 1,27%, negociada a R$ 5,45.

Bolsonaro, por sua vez, negou que tenha interferido na Petrobras. “Baixou o preço do combustível? Foi anunciado 15% no diesel e 10% na gasolina. Abaixou? Como é que houve interferência? O que eu quero e exijo da Petrobras é transparência e previsibilidade. Dia 20 de março encerra o prazo de vigência do atual presidente. É direito meu reconduzir ou não. E não será. Qual o problema?”, afirmou em vídeo gravado por apoiadores.

A Petrobras anunciou na quinta-feira o maior reajuste de preços de combustíveis do ano e o quarto apenas em 2021. O óleo diesel e a gasolina acumulam alta de 27,5% e 34,8%, respectivamente, no ano. Os preços estão alinhados aos do mercado internacional desde 2017, com o objetivo de tornar o mercado brasileiro competitivo também para importadores e manter o mercado interno abastecido. Mas as sucessivas altas têm gerado insatisfação entre caminhoneiros e afetado diretamente a imagem do governo.  

‘Presidente não me pediu para intervir nos preços’

O general indicado para comandar a Petrobras afirmou, em entrevista exclusiva à Rádio Bandeirantes, não ter recebido “recomendação de interferência na política de preços”.

Joaquim Silva e Luna ressaltou que o valor dos combustíveis é definido, sobretudo, pela cotação do petróleo no mercado internacional e do dólar no Brasil. Além disso, segundo o general, as decisões sobre reajustes são tomadas pela diretoria-executiva, e não dependem apenas do presidente da estatal: “O presidente [Jair Bolsonaro] não fez qualquer recomendação para mim com relação a preço, a interferência em política de preço”.

Na entrevista ao Jornal Gente, Silva e Luna procurou ser prudente com as palavras, uma vez que a indicação precisa do aval do Conselho de Administração da Petrobras. Ainda com relação aos preços, o general disse ter percebido que o presidente Jair Bolsonaro espera que eles sejam mais previsíveis. “O momento é sensível, até com relação à ponta da linha, onde está o caminhoneiro, quem usa o gás. O que está impactando mais é o valor do barril de petróleo no mundo e o próprio valor do câmbio, que já está alto há algum tempo. A preocupação do presidente é legítima, né? Acho que é de todos nós. Eu diria que ela está em dois aspectos, pelo que eu percebi: previsibilidade dos preços e o preço do combustível propriamente dito.”

O general da reserva nasceu em Barreiras, Pernambuco, e tem 71 anos. Antes da indicação para a Petrobras, Silva e Luna comandou durante 2 anos a parte brasileira da Usina Hidrelétrica de Itaipu. 

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