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Aprovação de uso emergencial de vacina é dose de esperança

Enfermeira Mônica Calazans, 54 anos, recebe a primeira dose da CoronaVac Paulo Guereta/Photo Premium/Folhapress

O primeiro passo para o início do fim da pandemia do novo coronavírus no Brasil foi dado no domingo (17): a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou o uso emergencial das vacinas CoronaVac e Oxford/AstraZeneca no país. Sem perder tempo, o governo de São Paulo já iniciou a vacinação de profissionais da saúde do estado com o imunizante do Instituto Butantan, começando pela enfermeira Mônica Salazans, de 54 anos. Ela trabalha na linha de frente do combate à pandemia há 10 meses, na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Instituto de Infectologia Emílio Ribas.

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A imunização continua hoje nos profissionais da saúde de seis hospitais do estado, com direito a um “vacinômetro” em uma sala do Hospital das Clinicas da USP (Universidade de São Paulo), onde Mônica foi a primeira imunizada. A meta é vacinar 60 mil trabalhadores da área antes de distribuir as doses para as prefeituras e iniciar a campanha pelo grupo prioritário, que também inclui idosos, a partir do dia 25.

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Mesmo com o dia histórico, a queda de braço entre o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, continuou (veja as frases ao lado). Desde ontem as doses requisitadas da CoronaVac já estavam sendo transportadas ao depósito do Ministério da Saúde no Aeroporto Internacional de Guarulhos. O plano da pasta federal é distribuí-las aos outros estados hoje, a partir das 7h. Em entrevista coletiva, Pazuello confirmou que a vacinação nacional começa na quarta-feira, às 10h.

O presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, informou que serão entregues 4,6 milhões de doses da CoronaVac ao governo federal. No entanto, o estado de São Paulo ficará com 1,3 milhão de unidades que tem direito conforme divisão proporcional feita pelo próprio Ministério da Saúde.

A disputa pelas doses da CoronaVac se intensificou porque o governo federal não conseguiu importar da Índia as 2 milhões de doses da vacina de Oxford/AstraZeneca a tempo de começar a imunização nacional. Pazuello disse que o avião vai decolar rumo ao país asiático nesta semana. A ideia inicial era receber a carga no último sábado, mas o governo indiano adiou a entrega.

Clima de final

As cinco horas de reunião da diretoria colegiada da Anvisa foi acompanhada por milhões de brasileiros, seja pela TV ou pela internet, com apreensão de uma final de Copa do Mundo.

A expectativa era alta para a aprovação do uso emergencial dos imunizantes. Quando finalmente os cinco diretores votaram de forma unanime para a liberação das duas vacinas, o clima era de festa, com direito a aplausos e gritos nas janelas dos brasileiros.

De acordo com a área técnica da Anvisa, a autorização levou em consideração “o cenário da pandemia”, “o aumento no número de casos” e “a ausência de alternativas terapêuticas”.

Diretoria da Anvisa aprovou o uso emergencial após cinco horas de reunião

Relatora da decisão, a diretora Meiruze Freitas lembrou em seu voto que não existe tratamento precoce para a covid-19. “Até o momento não contamos com uma opção terapêutica aprovada para prevenir ou tratar a doença causada pelo novo coronavírus […] precisamos de todas as medidas ao nosso alcance para, no menor tempo possível, diminuir o impacto sobre as vidas do nosso país”, afirmou.

A fala teve como alvo o governo federal, que estimulou por diversas vezes o uso de cloroquina e ivermectina, medicamentos sem eficácia comprovada contra a covid-19.

Queda de braço

“Todas as doses, inclusive a que foi aplicada agora [em São Paulo], é uma questão jurídica. Tudo que tem em São Paulo é contratado e pago pelo Ministério da Saúde e o contrato é de exclusividade de 100%. Qualquer movimento fora dessa linha [vacinação igualitária nos estados] está em desacordo com a lei.”
Eduardo Pazuello, ministro da Saúde

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“Eduardo Pazuello é inacreditável como ministro de estado da Saúde, sem ser médico, sem planejamento, um desastre completo. Ainda mente ao dizer isso [que as doses são do governo federal] porque foi investimento do governo estadual. Não há um centavo até agora do governo federal.”
João Doria (PSDB), governador de São Paulo

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