Assim como a covid-19 se espalhou rapidamente pelo mundo inteiro, cientistas de todo planeta também têm acelerado os estudos para desenvolver a vacina que poderá interromper a contaminação.
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Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), 163 pesquisas para descobrir um imunizante em andamento. Os estudos se baseiam em fórmulas diversas e 23 dessas vacinas em potencial já estão sendo testadas em humanos.
“As muitas tentativas ocorrem porque ainda não sabemos qual a melhor resposta imune necessária para controlar ou inibir a infecção pelo novo coronavírus. A melhor vacina não será a primeira a ficar pronta, mas aquela que induzir a melhor resposta.” A análise é da professora titular da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (RS) e integrante do Comitê Científico da SBI (Sociedade Brasileira de Imunologia) Cristina Bonorino.
A especialista contou que há vacinas que demoram 15 anos para ficarem prontas, mas que nesse momento emergencial há um grande investimento financeiro permitindo a celeridade, além da revisão dos protocolos para que os estudos andem mais rápido.
O Brasil pode sair na frente. O país assinou acordo para a distribuição, assim que houver comprovação da eficácia, de duas das vacinas mais avançadas: a da chinesa Sinovac e a da Universidade de Oxford, no Reino Unido, que já estão sendo testadas no país. Algumas previsões indicam que poderemos no meio do ano que vem ter um imunizante aprovado e o início da vacinação. Os mais otimistas creem nisso ainda em 2020.
No laboratório
Ingredientes: toda vacina tem por objetivo fazer com que o corpo produza anticorpos para bloquear ou matar as doenças. Veja abaixo algumas das principais fórmulas usadas nos estudos dos imunizantes contra a covid-19:
• Vírus
Produzida com fragmentos enfraquecidos ou inativados do próprio vírus, sem força para causar a doença, mas com poder para provocar a resposta imune
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• Vetores virais
Se valem de alguns vírus geneticamente modificados para produzir proteínas que provocam a reação de defesa
• Material genético
Introduzem informações genéticas do DNA (adaptado) ou RNA do vírus para produzir cópias de proteínas que agem na defesa
• Proteínas
Lançam proteínas do vírus (ou outras que a imitam) diretamente no corpo para que estimulem o sistema imune
De gota em gota: Etapas do estudo clínico
• Fase 1: é o primeiro estudo a ser realizado em seres humanos e tem por objetivo principal demonstrar a segurança da vacina.
• Fase 2: tem por objetivo estabelecer a sua imunogenicidade, ou seja, a sua capacidade de resposta contra a doença.
• Fase 3: é a última fase antes da obtenção do registro sanitário e tem por objetivo demonstrar a sua eficácia. Só após essa etapa, e com o registro, é que a nova vacina pode ser disponibilizada para a população.
As vacinas mais avançadas
Sinovac (Chinesa) – Fase 3 do teste clínico
Desenvolvida com vírus inativados, a vacina já tem nome, CoronaVac, e deverá ser testada a partir desta segunda (20) no Brasil em 9 mil profissionais de saúde voluntários, de seis unidades da federação. A etapa nacional é coordenada pelo Instituto Butantan, do governo de São Paulo. A vacina já foi administrada com sucesso em testes realizados na China.
Universidade de Oxford/AstraZeneca (Inglesa) – Fase 3 do teste clínico
Considerada a mais promissora pela OMS, a vacina é feita a partir de vetores virais e já está em testes no Brasil em parceria com a Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e a rede D’Or, de hospitais. Inicialmente são 5 mil voluntários no país: em São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Salvador (BA), mas o número pode subir.
Moderna/NIAID (Norte-americana) – Fase 3 do teste clínico
Depois de alcançar resultados positivos nas etapas iniciais, passou na semana passada para a fase 3, mas ainda precisa recrutar os voluntários. A vacina é feita com moléculas de RNA e tem apoio do governo dos EUA. A expectativa é de que até 1 bilhão de doses possam ser produzidas no ano que vem, se houver a aprovação.
CanSino Biological/Instituto de Biotecnologia (Chinesa) – Fase 2 do teste clínico
de Beijing Produzida com vetores virais, a vacina recebeu em junho aprovação limitada, que permite que as doses sejam testadas por um ano em militares chineses. Quando entrar na fase 3, deverá ser testada em outros países. E o Brasil já é um dos candidatos.
Anhui Zhifei/Instituto de Microbiologia da Academia Chinesa de Ciências (Chinesa) – Fase 2 do teste clínico
Entre as fórmulas que estão nas fases mais avançadas, a dessa vacina chinesa é a única que busca imunização pela aplicação direta de proteína e mostrou bons resultados nos testes com animais.