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Entidades assinam acordo com governo, mas não garantem fim da paralisação

Apesar de o governo ter anunciado o fim da paralisação dos caminhoneiros, os líderes da categoria que assinaram o acordo não asseguraram, ao fim do longo e tenso dia de reuniões no Planalto que seus filiados voltarão ao trabalho nesta sexta-feira, 25.

«Assumimos o compromisso e vamos repassar (o acordo) ainda hoje (quinta-feira), na íntegra, para todos. Mas é a categoria que vai analisar e é o entendimento deles que vai dizer se isso foi suficiente ou não. O que estou dizendo para eles é que chegamos aqui com duas reivindicações e saímos com 14, e houve uma sensibilidade do governo no atendimento às reivindicações», declarou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Autônomos (CNTA), Dilmar Bueno. Em nenhum momento da entrevista coletiva o representante dos caminhoneiros assegurou que a categoria voltaria ao trabalho nesta sexta.

Já os presidentes das Federações de Transportadores Autônomos de São Paulo e de Minas Gerais, Norival de Almeida e Silva e Gilmar Carvalho, respectivamente, demonstraram pessimismo. «Saio preocupado. Acho que podem não aceitar», disse Carvalho. Segundo ele, é «a categoria quem decide». O representante se comprometeu a mostrar os avanços obtidos na negociação, mas sem dar garantias do fim do movimento. «O valor viável do combustível não existe (no acordo)», afirmou.

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Almeida e Silva, que também é vice-presidente da CNTA, disse temer pela continuidade dos protestos. «Acho que eles (os caminhoneiros) vão continuar o movimento porque são muitas pessoas, com pensamentos muito diferentes. Mas isso (o acordo) é o que o governo disse que tem para oferecer.» Se o acordo for rejeitado, Almeida e Silva disse não «saber onde vai parar isso» «Todo movimento tem de começar e uma hora tem de negociar e terminar, porque protesto não é negócio de resultado financeiro, é reivindicação», disse.

Jaime Ferreira, presidente do Sindicato Nacional dos Cegonheiros, informou que vai relatar aos seus associados os termos do acordo e torcer para que eles concordem com as condições. «Ter uma previsibilidade de 30 dias, com a Cide zerada e promessa de redução do PIS/Cofins, dá um fôlego», disse Ferreira, no entanto, afirmou não ter certeza se toda a categoria vai concordar com o acordo.

Pelo menos três das 11 entidades presentes à mesa de negociação com o governo não assinaram o acordo. São elas a Associação Brasileira de Caminhoneiros Autônomos (Abican), o Sindicato de Ijuí e a União Nacional dos Caminhoneiros (Unican).

José Araújo, da Unican, disse que não assinou o acordo porque «são só promessas e não temos nada de concreto». Segundo ele, «se (o governo) cumprir está bom, mas precisamos ver tudo em vigor e não só promessas, pois de promessas estamos cheios». E avisou: «só com promessas não vou pedir a ninguém para acabar com o movimento porque a greve não é mais nossa, mas da população».

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