Irmão de Selma Almeida da Silva, de 41 anos, procurada pelo Corpo de Bombeiros nos escombros do edifício Wilton Paes de Almeida, no centro de São Paulo, o lavrador Uilian Almeida Silva, 31, chegou da Bahia após 26 horas de viagem de ônibus nesta terça-feira, 8, e visitou o local no início da tarde. Ao se aproximar dos entulhos, onde o maquinário pesado dos bombeiros trabalha há uma semana, Uilian teve um ímpeto imediato: o de subir a montanha de areia e ferro retorcido para ajudar na busca pela irmã, que trabalhava como catadora de materiais recicláveis. Os filhos de Selma, os gêmeos Wendel e Werner, 10, também são procurados.
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«Passamos aqui para poder dar uma olhada de perto porque só tínhamos visto pela televisão. Me deu vontade de entrar lá dentro e cavar com a mão para ver se ela está lá embaixo e acabar logo com isso», diz Uilian. «É muito triste, muito triste mesmo. Não é fácil você olhar assim e ver que tem um sangue seu ali embaixo, não é fácil não. Não é brincadeira não. Só Deus.»
Uilian e a mãe, Roma, saíram de Riacho de Santana na manhã de segunda e chegaram por volta de 13 horas em São Paulo.
Nesta terça-feira, teve início o oitavo dia de buscas por desaparecidos. Pela manhã, subiu para sete o número de desaparecidos na lista oficial dos bombeiros. Fragmentos de ossos de um adulto e uma criança teriam sido localizados na manhã desta terça. O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves Barbosa Filho. disse que um exame do Instituto Médico Legal (IML) vai confirmar até o fim desta tarde se as ossadas são infantis.
Uilian conta que a irmã era trabalhadora e brincalhona. «O maior sonho dela era ter uma moradia. Ela me disse recentemente que estava quase para conseguir», diz.
Ele conta que a família sabia das condições precárias em que morava Selma e os filhos. Em várias ocasiões, Uilian pediu que a catadora retornasse para a Bahia. «Eu dizia para ela: ‘É melhor voltar. Larga essa vida. Para quê ficar catando papelão?’. Lá também não é fácil. E ela veio para cá em busca do melhor», afirma. «Vivemos todos os seis irmãos. Não é vida de príncipe, mas para comer dá.
Os sobrinhos são descritos pelo lavrador como muito brincalhões e alegres. «Com certeza se estivessem aqui já estariam me derrubando no chão, do tanto que gostavam de mim», conta.