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Cunha: compra de silêncio foi ‘forjada’ para tirar Temer

Em depoimento à Justiça nesta segunda-feira, o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) afirmou ter sido ‘forjada’ a acusação de que o empresário Joesley Batista lhe repassava dinheiro em troca de silêncio. Ele alega que a motivação seria justificar uma denúncia para tentar apear Michel Temer da presidência da República. “Queriam atribuir isso para justificar uma denúncia que pegasse o mandato do senhor Michel Temer. Prova forjada”, acusou.

Cunha foi ouvido pelo juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Federal, na investigação que apura fraudes no FI-FGTS (Fundo de Investimento no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço). O ex-deputado contou que mediou um encontro, em 2010, entre o doleiro Lúcio Funaro e o então vice-presidente da Caixa Moreira Franco, mas negou que tenha tratado do pagamento de propina. “Marcar o encontro não significa que sou partícipe do fato. Se Moreira Franco recebeu, e, se tratando do Moreira Franco, até não duvido, não foi através das minhas mãos”, afirmou.

O peemedebista também rebateu a versão do doleiro de que ele, Funaro, teria estado em três oportunidades com o presidente Michel Temer: num culto evangélico, num comício em Uberaba (MG) e na base aérea de São Paulo. “Ele mente”, acusou.

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O ex-deputado ironizou as acusações contra ele feitas por Funaro: “Ele está me transformando num Posto Ipiranga: tudo é o Eduardo Cunha”.

Funaro disse em depoimento ter provas de pagamentos de bens ao ex-deputado, como veículos de luxo e um apartamento, que pertencia ao ex-jogador Vampeta. “Isso é história da carochinha”, afirmou. Cunha contra-atacou, acusando o doleiro de ter sido avisado de que seria alvo da operação da Polícia Federal, em 2015, o que alegadamente possibilitou que ele retirasse joias e obras de artes de casa.

O ex-parlamentar também negou ter recebido R$ 1 milhão para comprar votos de deputados a favor do impeachment de Dilma Rousseff. “É ridícula a afirmação. Cadê a mensagem de que eu paguei?”, questionou.

Cunha afirmou ter sido responsável por apresentar Funaro ao ex-deputado Henrique Eduardo Alves e a Geddel Vieira Lima. Questionado sobre se sabia da origem dos
R$ 51 milhões descobertos num apartamento de Salvador, dinheiro atribuído a Geddel, o ex-deputado voltou a ironizar. “Não tenho o dom da adivinhação”, disse.

Cunha está em Brasília desde 15 de setembro e tem sofrido derrotas na Justiça em seu desejo de permanecer. Ele deve voltar à prisão em Curitiba.

Henrique Alves também foi ouvido por videoconferência. Ele chorou e disse que terceiros movimentaram a conta dele na Suíça, aberta por recomendação de Cunha.

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