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Projeto Expressões e Histórias levanta recursos para ajudar refugiados no Brasil

Crianças refugiadas em atividade da ONG IKMR Lilian Lima/Divulgação

A publicitária Claudia Bork Saad e o fotógrafo Angelo Pastorello resolveram por a mão na massa e unir forças para ajudar os refugiados no Brasil. A primeira ação da dupla é um livro de retratos e crônicas de 100 personalidades de diversas áreas, que integra o projeto Expressões e Histórias. O objetivo é levantar recursos para a ONG IKMR (I Know My Rights, ou Eu Conheço os Meus Direitos, em português), que atende 150 famílias com cerca de 450 crianças e jovens em situação de refúgio em São Paulo.

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Os fotografados são nomes de relevância em diversas áreas, sensibilizados com a causa. E as crônicas, segundo Claudia, são histórias de vida contadas por eles. “Mostram a diversidade dos brasileiros, de como convivemos bem com culturas e religiões diferentes”. O projeto deve contar com patrocínio de empresas, mas a idealizadora diz que qualquer pessoa pode ajudar, com doações a partir de R$ 10 na plataforma de crowdfunding Kickante.

Um dos primeiros a abraçar o projeto foi o técnico da seleção brasileira, Tite. “Ele foi fotografado e autografou uma bola que será doada ao principal patrocinador”, disse Claudia. Outras várias celebridades aderiram à causa. Já foram clicados Isabella Fiorentino, Priscila Fanti, Marcelo Tas, Fabrizio Fasano, Malu Mader e Tony Belotto, Flávia Alessandra e Otaviano Costa, Ricardo Boechat e Veruska Seibel, entre outros.

Fabrizio Fasano, jurado do reality show gastronômico “Bake Off Brasil”, do SBT, ressalta que o projeto é importante por dar visibilidade a uma questão que para muitos ainda não é urgente. “Sei que nossas crianças também precisam de ajuda, mas criança é criança em qualquer lugar do mundo, e elas se tornam brasileiras quando colocam o pé em nosso país, não importa língua, cor ou religião.”

A questão representa um dos desafios da IKMR, diz a fundadora da ONG, Viviane Reis. “Ainda há resistência em ajudar uma criança que vem de fora por causa dos problemas que temos aqui, isso as torna meio invisíveis.”

Claudia Bork Saad – Publicitária e idealizadora do projeto “Expressões e Histórias”

Por que um projeto com refugiados?
Sempre quis me envolver com essa causa, muitos têm imigrantes na família, a do meu pai, por exemplo, veio da Alemanha fugindo da guerra, quando ele ainda era pequeno. E conheço a questão de perto, estive na Síria duas vezes, e me apaixonei por eles.

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Pode falar sobre o livro?
A ideia não é mostrar os refugiados, não queria que o conteúdo parecesse apelar para o dramático, mostrando crianças chorando, mães tristes. O objetivo dessa publicação é dar boas-vindas a eles, mostrar nosso país.

Qual o maior desafio para eles aqui?
É a adaptação. E o mais complicado é a língua, por que ninguém vai dar trabalho a alguém que não fala o idioma do país, e isso traz outros problemas, por exemplo, como conseguir regularizar documentos sem saber se comunicar?

ONG atende crianças refugiadas em São Paulo

Até junho de 2012, quando criou a ONG IKMR (I Know My Rights, ou Eu Conheço os Meus Direitos, em português), Viviane Reis não tinha nenhum contato com refugiados. Mas não abandonou mais a causa após conhecer – e se chocar – com a realidade das crianças em situação de refúgio, principalmente do Oriente Médio.

“Comecei a procurar entender como nosso país estava atuando nesse cenário, e saber se refugiados estavam chegando aqui e como estavam sendo tratados.”

E a preocupação maior sempre foi em como os pequenos estavam sendo acolhidos. “Queria saber o que acontece, por exemplo, com uma criança de 11 anos que chega, vinda de uma tribo africana, sem nenhum contato com o meio urbano? Vai para uma escola pública falando um dialeto? Como se dá essa integração?”.

Demorou para essa situação ganhar visibilidade, diz Viviane. “Foi com a guerra na Síria, quando se descobriu que metade da população refugiada era de crianças, que a questão veio à tona. Foi esse o cenário que me motivou a desenvolver um trabalho especificamente voltado a elas e sua integração no país.”

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