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Aposte no desenvolvimento de relações pessoais, defendem educadores

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O exercício de desconectar-se dos aparelhos eletrônicos para investir no contato pessoal e presencial tem sido um desafio entre várias gerações, desde crianças até adultos. Quem acaba sentindo as consequência do grande apego a objetos como celulares e tablets são os ambientes escolares, que demandam atenção e concentração dos alunos —qualidades que competem, e muito, com os aparelhos eletrônicos.

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O despertar para este tema na International School of Curitiba (ISC) chegou através da corrente de ensino denominada SEL — ‘Social and Emocional Learning’. Existente nos EUA há 20 anos, o ensino focado na educação social e emocional das crianças e adolescentes vem sendo implementado nesta escola há mais de um ano.

“Quando os alunos entram em sala, nós buscamos sentir a temperatura emocional deles. Perguntamos como estão e tentamos uma abertura para a conexão entre os estudantes”, explica o professor David Baptista, que ministra aulas para o ensino médio e coordena o grupo responsável pelo SEL na Escola Internacional.

Vida social

Segundo o professor, inserir essas técnicas em sala de aula ajuda a despertar entre os alunos a consciência sobre a vida e os hábitos sociais.

Além disso, o método busca valorizar não apenas as disciplinas tradicionais, mas também o aprendizado de como lidar com sentimentos e frustrações, além de desenvolver o espírito de liderança. “Por exemplo, se o aluno não gosta de um assunto, o incentivamos a conversar com um colega que tenha intimidade com a disciplina. Além de ajudar diretamente no aprendizado, a prática incentiva o contato social entre as pessoas”, exemplifica Baptista.

Os aparelhos eletrônicos, além de dispersarem os alunos, restringem as relações sociais

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Resistência

Colocar em pauta dentro da sala de aula a importância da abertura emocional e o convívio social, no entanto, tem sido um desafio grande entre os professores. Um dos motivos é justamente o apego à conectividade on-line, que, muitas vezes, impede que conversas, ideias e debates sejam trocados no ambiente escolar.

“Estamos precisando buscar a concentração dos alunos, que estão viciados na tecnologia. A agitação promovida por esses novos meios dificulta muito a conexão entre as pessoas”, relata o professor.

Pesquisadora e professora na área de Pedagogia da PUC-PR, Evelise Portilho explica que este “vício” não está restrito aos alunos do ensino básico. “Dou aulas no ensino superior e confiro esse sentimento de ‘estar preso’ aos aparelhos eletrônicos”, explicou a pesquisadora.

Portilho concorda que as relações emocionais e conexões humanas têm ficado em segundo plano por causa do uso indiscriminado dos aparelhos tecnológicos. “É claro que ele traz inúmeras vantagens, não há o que discutir sobre isso. O problema é que as pessoas não têm sabido como usá-los adequadamente”.

Para a professora, a escola precisa estabelecer limites para o uso dessas ferramentas em sala. “Não podemos substituir o contato humano, algo tão importante e antigo quando coisas novas surgem”, defende Portilho.

Ainda segunda ela, os pequenos e os adolescentes necessitam de atividades em grupo para resgatar essa conexão.  “As crianças estão crescendo muito sozinhas, presas à tecnologia”, alerta a pesquisadora.

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