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Jovens são as maiores vítimas da silenciosa sífilis

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A faixa etária entre 15 e 34 anos é o grupo que mais registrou crescimento de contaminação pela Sífilis entre o período de 2010 a 2016, segundo dados do Devisa (Departamento de Vigilância em Saúde). Em 2010, eram 43 pessoas infectadas com a doença, ante 624 pessoas em 2017 – um aumento de 14 vezes.

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Os dados refletem uma mudança no perfil dessas pessoas, que deixaram de se prevenir, e passaram a ter mais relações e parceiros. Para se ter ideia, pesquisa recente do Ministério da Saúde mostrou que nove em cada 10 jovens de 15 a 19 anos sabem que usar camisinha é o melhor jeito de evitar HIV, mas, mesmo assim, 6 em cada 10 destes adolescentes não usaram preservativo em alguma relação sexual no último ano. “Não há mais preocupação em adquirir HIV e outras doenças. A sífilis é altamente transmissível inclusive por sexo oral”, explica a médica infectologista do Devisa, Valéria Correia de Almeida.

Dentro do grupo dos jovens com idade entre 15 e 19 anos, em 2010 eram três casos de contaminação pela doença e em 2016, 114. E é justamente neste grupo que há um outro número preocupante: o de adolescentes grávidas com sífilis aumentou 77 vezes. Passou de um caso em 2010 para 77 em 2016. Já os que têm entre 20 a 34 anos, foram registrados 40 infectados em 2010 e em 2016 um total de 510.

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Segundo Valéria, outro grupo que também chama a atenção é dos idosos. Na faixa etária de 65 a 79 anos, o aumento foi de 22 vezes. Foi de 6 casos em 2010 para 134 casos em 2016.

Segundo a médica do Devisa, os idosos também se descuidam do uso de preservativos. A exposição ficou maior devido à adoção de remédios de disfunção erétil. Os aplicativos de namoro também têm sido canais de facilitação de encontros rápidos para sexo  em todas as idades – o que aumenta o risco da contaminação, já que os parceiros não usam camisinhas.

Valéria explica que o aumento da doença tem sido observado ano a ano em todos os três tipos de notificações. No período de 2010 até junho de 2017, foram 1.584 gestantes contaminadas, outras 444 crianças que nasceram com a doença, a chamada sífilis congênita e 6.896 infectados no grupo da sífilis adquirida – sendo que a notificação compulsória para este último grupo começou em 2010.

Doença silenciosa

A maioria das pessoas com sífilis tende a não ter conhecimento da infecção, principalmente no período latente da doença, quando não se observa nenhum sinal ou sintoma clínico. No entanto, mesmo durante essa fase, pode-se transmitir a infecção aos parceiros sexuais. “A ferida é indolor e seca em 10 dias, porém, a bactéria está no corpo. A pessoa nem percebe que está doente e ao ter o sexo, inclusive o oral, transmite-se a doença”, disse a médica. Dessa forma, a principal maneira de prevenir a doença é fazer uso do preservativo, seja ele masculino ou feminino. “É importante ressaltar que em todas as relações sexuais (anal, vaginal e oral) deve-se utilizar o preservativo.”

A médica infectologista ainda explica que a adesão do parceiro ao tratamento é importante para que a doença não retorne ao paciente. “Se a mulher se trata e o parceiro não, ela volta a ser infectada e começa um novo ciclo da doença”, diz. Em Campinas, em 80% dos casos de sífilis os maridos não fazem o tratamento.

Prevenção

A prevenção e orientação são as alternativas para reduzir o número de contaminados. Segundo a Valéria Correia de Almeida, médica infectologista, os pais têm um papel fundamental. “Os pais devem conversar com os filhos e falar sobre as doenças sexualmente transmissíveis e falar sobre o uso de preservativos. Deve-se mostrar a importância de se prevenir e de se tratar”, disse ela. No segundo semestre, a médica explicou que no mês de setembro existe o Dia Nacional de Luta contra a sífilis, data em que a Secretaria vai alertar sobre os riscos de contaminação desta doença silenciosa. “Os investimentos em campanhas de alerta têm sido baixo. É necessário voltar a investir”, disse ela. 

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