Brasil

Cabral nega propina, mas admite caixa 2 ‘político’

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) negou, ontem, que tenha recebido propina do empresário Eike Batista, mas voltou a admitir ter usado dinheiro de caixa 2 – o que ele chama de “sobras de campanhas”. Segundo o Ministério Público, Cabral recebeu US$ 16,5 milhões (cerca de R$ 52 milhões) de Eike Batista, além de R$ 1,5 milhão por meio do escritório de advocacia de sua mulher, Adriana Ancelmo.

“Pedi apoio ao Eike durante minha campanha de 2010. Seriam entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões. Mas foi a única vez”, admitiu Cabral. “Não foi propina, foi ajuda financeira de campanha”, completou.

No depoimento, que durou cerca de duas horas, na sede da 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio, o ex-governador disse que a aproximação com Eike Batista começou por meio de uma “relação institucional” e que eles ficaram “mais próximos” depois que o empresário mostrou interesse em “ajudar o Estado”.

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“A quase totalidade de recursos que obtive com o caixa 2 eu gastei na política, e não para enriquecer”, disse Cabral, que está preso desde novembro do ano passado.

Adriana Ancelmo também prestou depoimento ontem e negou ter feito qualquer negócio com Eike ou com outro executivo do grupo EBX. Segundo ela, contrato com as empresas dele foi feito pelo seu ex-sócio, Sérgio Coelho, com quem disse não ter uma relação amistosa.

Eike
O empresário Eike Batista também prestou depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio, ontem. O encontro foi rápido, demorou cerca de 13 minutos e Eike se manteve em silêncio durante a maior parte do tempo.

Questionado sobre sua relação com Sérgio Cabral e o suposto pagamento de propina para o ex-governador, ele disse que queria “colaborar com a Justiça”, mas que iria se manter em silêncio por orientação dos seus advogados.

Marcelo Bretas quis saber o grau de intimidade do empresário com Cabral e perguntou sobre o fato de ele ter emprestado um dos seus aviões ao peemedebista. Ele disse que tinha três aeronaves. “É difícil você dizer não ao governador de usar o seu maquinário”, disse  Eike.

Moro mantém Bendine preso
O juiz Sergio Moro decretou ontem a prisão preventiva – por tempo indeterminado – de Aldemir Bendine, ex-presidente da Petrobras e do Banco do Brasil, e dos irmãos André Gustavo e Antônio Carlos Vieira da Silva, supostos operadores de Bendine.

O trio foi detido em prisão temporária, com prazo de 5 dias, na última quinta, na 42ª fase da Lava Jato. Com o fim do prazo para Moro decidir pela soltura ou não dos investigados, os três acabaram mantidos em Curitiba.

Bendine é acusado de ter recebido R$ 3 milhões da Odebrecht por financiamentos da empreiteira junto ao Banco do Brasil e por supostas influências na Petrobras.

Lula
O MPF (Ministério Público Federal) recorreu ontem da sentença de 9 anos e 6 meses de prisão imposta por Moro ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula foi condenado pela reserva do tríplex do Guarujá, mas absolvido pelo pagamento, por parte da OAS, do armazenamento de bens que havia ganho na Presidência. O MPF quer que Lula seja culpado também por esta acusação. Ontem a defesa de Lula apresentou a Moro o recurso de apelação contra a sentença. Na prática, é um aviso formal de que o petista irá recorrer da condenação.

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