Maior evento cinematográfico do país, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo abre nesta quarta-feira (18) sua 41ª edição, no Auditório Ibirapuera, com um viés bastante politizado.
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Essa vertente se dá, de cara, na escolha do artista responsável pelo pôster e o filme de abertura. Militante pelos direitos humanos, o chinês Ai Weiwei apresenta o documentário “Human Flow”, que o fez percorrer 23 países para falar sobre a crise mundial de refugiados.
O tema é transversal a vários outros títulos da seleção de 394 filmes, como “Happy End”, do austríaco Michael Haneke, que disputou a Palma de Ouro em Cannes, e “O Outro Lado da Esperança”, do finlandês Aki Kaurismaki, vencedor do prêmio de melhor diretor no último Festival de Berlim.
O fato de cineastas desse quilate se debruçarem sobre essas questões diz muito do poder da sétima arte em refletir o presente e, também, sobre o presente. “O cinema é uma linguagem que provoca a empatia”, diz Renata de Almeida, diretora da Mostra.
Outra questão atual refletida na seleção diz respeito à degradação ambiental, presente em longas como o documentário “Uma Verdade Mais Inconveniente”, de Boni Cohen & Jon Shenk, e “Terra Treme”, de Walter Salles, sobre o rompimento das barragens da mineradora Samarco, ocorrido em Mariana (MG), há dois anos, e que se tornou o maior desastre ambiental da história do país.
Além das questões atuais, a Mostra também projeta o olhar para o futuro ao dedicar pela primeira vez – tal como o último Festival de Cannes – um segmento exclusivo a filmes em realidade virtual, com 19 títulos. Na visão de Renata, o uso de novas técnicas como essas ajuda a ampliar o campo de atuação da arte.
“As fronteiras são tênues na arte, mas o artista tem que ser livre. Nenhuma linguagem substitui a outra. O importante é a gente poder ter uma visão que não seja a nossa”, afirma a diretora.
