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‘Diziam que eu era bom, mas não tinha beleza’, diz Luan no ‘X Factor’

A vida de Luan Lacerda, de 23 anos, nunca foi fácil. Nascido em São Paulo, ele se mudou aos 3 anos para a simples cidade de Almenara, no Vale de Jequitinhonha, divisa de Minas Gerais com Bahia, e caiu de paraquedas no ‘X Factor’, já que até hoje não sabe quem o inscreveu na competição.

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«Quando recebi o e-mail, achei que tinha sido minha mãe, mas ela não sabia do programa e também não entende de computador. Já fiz um apelo para essa pessoa aparecer, porque eu preciso dar um abraço de agradecimento e dizer que ela está mudando a minha vida», diz ainda emocionado após ser aplaudido de pé pela plateia e pelos jurados.

Com um talento nato, Luan foi vencendo as barreiras da vida com seu próprio esforço e o apoio incondicional da mãe. Em 2009, aos 16 anos, conseguiu uma bolsa de estudos integral no Conservatório de Música de Belo Horizonte e, quando se formou, abriu uma escolinha na garagem de sua casa. Atualmente, o local conta com outros três voluntários e oferece aulas de música para 85 alunos, entre crianças, jovens e adultos. «São pessoas que não têm oportunidade, assim como eu. Não temos lucro nenhum. Quem tem mais condições colabora com R$ 30 por mês. A gente vive sofrendo, tirando daqui para colocar ali. Minha mãe e eu pagamos R$ 895 de aluguel e, por isso, além de ajudar em tudo na escolinha, ela trabalha como faxineira para completar a renda, enquanto eu me apresento em barzinhos, mas nunca pensamos em deixar nossas crianças. Não quero jamais causar esse tipo de dor nelas».

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Essa dor que Luan cita, ele já sentiu na pele. Apesar do apoio da família, quando disse em casa que queria ser cantor, acabou causando um choque especialmente em seu pai, que sabia o quanto essa vida que o filho estava escolhendo seria difícil. «Ele e minha mãe são separados, mas sempre ficaram do meu lado. Meu pai sofre muito por não ter condições de me ajudar. Escutei muitos ‘nãos’ na minha vida, até de pessoas próximas que falavam: ‘você é bom, mas não tem beleza, não chama a atenção, então você não vai conseguir nada’. Isso dói e eu sofri muito, mas só não desisti por causa da minha mãe que sempre me colocava para cima dizendo: ‘o que é seu vai chegar. E chegou!’, lembra sem conseguir conter as lágrimas.

Em meio às criticas, o participante também encontrou pessoas boas em seu caminho e foi graças à ajuda delas que ele conseguiu chegar à primeira audição no ‘X Factor’ Brasil. Mais do que ser reconhecido por seu talento, o músico sonha em retribuir o carinho daqueles que, mesmo sem condições financeiras, apostaram o pouco que tinham no seu sonho. «Muita gente conhece a minha cidade como o vale da tristeza e da miséria, só que não é isso. O Vale de Jequitinhonha é pobre em dinheiro, mas é rico em cultura, em amor, rico em pessoas boas e tudo o que eu aprendi na minha vida foi lá, com as pessoas me apoiando e me dando calor humano. Tanto que para eu vir para a primeira fase, todo mundo doou dinheiro, entre R$ 5 e R$ 10, além de pacotes de biscoito para que eu me alimentasse na viagem de 19h que eu teria pela frente».

Mas, apesar de todo o esforço, ele não conseguiu o dinheiro completo para a passagem. «Foi aí que resolvi pedir carona de Belo Horizonte a São Paulo. Quem realmente poderia me ajudar não acreditava no meu potencial, então resolvi arriscar e vencer meus medos. Graças a Deus todos os caminhoneiros que encontrei pela estrada se comoveram com a minha história, disseram que vão torcer por mim, e me deixaram no Brás, em São Paulo, para que eu pudesse seguir meu caminho. De lá, duas amigas que conheci pela internet, me levaram na primeira audição e ficaram comigo o tempo todo, além de me darem alimentação e hospedagem, coisas que eu também não tinha».

O sacrifício valeu a pena. Luan Lacerda fez o público, os jurados e toda a produção se emocionar com sua voz aveludada e cheia de sentimento. «Na hora não entendi o que estava acontecendo, porque eu tinha certeza que não iria passar. Antes de mim, uma menina cantou lindamente uma música americana e não passou. Eu pensei: ‘gente, só canto música nacional, não sirvo para cantar em inglês’, então eu pedi para Deus que o que fosse para acontecer que eu entendesse e não ficasse frustrado, afinal eu já era um vencedor por chegar até ali».

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Após a apresentação, Paulo Miklos brincou dizendo que ele que tinha feito sua inscrição secretamente. «O abraço que ele me deu se transformou na força e na sustentação para eu continuar naquele palco e mostrar para as pessoas que cantar não sai só da garganta, das cordas vocais, sai do coração. Quando eu vi o Di Ferrero muito emocionado não acreditei que eu tinha feito aquilo. Os “sins” que eu levei foram importantes, mas provocar a emoção nas pessoas foi incrível», finaliza.

 

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