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A criança e a cidade

Foto: acervo Carona a Pé

Neste sábado, dia 12 de outubro, comemora-se o Dia da Criança, uma oportunidade para refletir sobre a situação dos pequenos nas ruas das cidades brasileiras.

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Não apenas em grandes metrópoles, mas em um contexto geral, vive-se hoje a “síndrome do emparedamento”. Crianças e adolescentes crescem entre quatro paredes e inúmeras telas – de celular, tablet, computador, TV etc.

O espaço das ruas, que já foi ocupado por crianças jogando bola e andando de carrinho de rolimã, hoje figura como território proibido. Não é de se estranhar: carros e motos passam sem cessar, enquanto as calçadas se mantêm esburacadas e as buzinas soam como pano de fundo.

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Em um evento recente organizado pela Carona a Pé, empresa que incentiva o caminhar junto de pais e filhos até a escola, em rotas pré-estabelecidas, refletiu-se muito sobre a importância de as crianças caminharem e exercitarem a cidadania. “É um equívoco pensar que isolar as crianças significa protegê-las. Quando elas caminham e ocupam os espaços públicos suas necessidades se tornam evidentes e isso faz com que os adultos repensem esse espaço, afinal uma cidade que é boa para as crianças também é boa para todos”, diz Carolina Padilha, fundadora do Carona a Pé.

Paula Mendonça, assessora pedagógica do programa Criança e Natureza, do Instituto Alana, participou do evento e frisou a necessidade de criar cidades menos áridas. O livro “Desemparedamento da Infância”, lançado pelo Instituto Alana, propõe que a sociedade se mobilize para proteger a verdadeira infância nesse sentido. “Nas cidades, a natureza é o espaço urbano, formado por ruas, praças e parques. É muito importante que a criança caminhe nas ruas com os pais, participe da vida da cidade e interaja em espaços mais amplos. Hoje a predominância das telas e a rotina dentro de carros, em casa ou na escola trazem problemas como obesidade, estresse, hiperatividade etc.”

Na verdade, inúmeras pesquisas têm mostrado o que os antigos já recomendavam: nada como a vitamina N, de natureza, para fomentar a saúde, a criatividade, a autoconfiança, a empatia, a ética e a sensibilidade. E a natureza não é apenas a praia distante ou a viagem à montanha. Ela está na plantinha que cresce espremida na calçada, na chuva que cai sobre as nossas cabeças, no sol de manhã, esquentando a pele, e no vento que sopra enquanto se descobre, com as próprias pernas, os arredores do seu bairro. Feliz Dia da Criança!

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