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Com discurso equivocado, Koff apela à tradição

leonardo-meneghettiNão há um ambiente saudável no Grêmio para este jogo contra o San Lorenzo.  O clima é tenso. Definitivamente o Gre-Nal bagunçou a casa tricolor. Reforçou a lendária frase de um dos mais inteligentes dirigentes esportivos que conheci. “O Gre-Nal arruma a casa”, disse Ibsen Pinheiro, um formador de frases de primeira linha. E emendou: “E também desarruma”.

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Pois foram os clássicos que desorientaram este time do Grêmio. Mas, reitero, talvez não a ponto de tirá-lo da Libertadores. O Grêmio é mais time que o San Lorenzo e, mobilizado, reagrupado e organizado taticamente, vai à frente.

Os dirigentes gremistas tentam blindar o treinador do time. Mas não conseguem. Repetem a toda hora que as avaliações são permanentes. Se Enderson Moreira não ajustar este time e der a ele a cara que vimos na primeira fase do torneio continental a rescisão contratual virá antes do esperado. Talvez já seja tarde para mudanças. Como a comissão técnica não caiu na segunda-feira, depois dos 4 a 1, agora que vá pelo menos até o final da Libertadores. Ainda acredito que Enderson consiga reverter esta situação. Com ele mesmo no comando já vi o Grêmio jogar bem mais do que o futebol atual.

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Desconfortam-me, admito, as recentes declarações do treinador. Especialmente depois de levar uma sapatada do rival e se sair com “isso faz parte, é normal no futebol, estou acostumado”. Acostumado a levar quatro do rival? Pois que se acostume em Goiânia!

Mas talvez tenha sido uma avaliação de momento, a fim de aliviar a pressão. Uma resposta mal-elaborada de quem estava pressionado e atrapalhado pela goleada sofrida para o rival. Não devemos ser definitivos em cima deste equívoco.

O maior problema é o time. O rendimento teve uma queda abrupta. As soluções de Enderson não estão surtindo efeito. E mostram inclusive certa desorientação no rumo a ser buscado.  O treinador parece que perdeu o norte. E também dá sinais de abatimento. E a direção, que não cumpre a sua parte na relação contratual com os jogadores, não o respalda com firmeza. Tenta protegê-lo, mas repetidamente anuncia que no futebol todos vivem em cima de resultados.

E então, para reforçar que o momento é de turbulência, o presidente Fábio Koff quebra a rotina e decide aparecer no treino e, em tom solene, anuncia: “o torcedor tem que acreditar na história, na tradição e na força da camisa do Grêmio”.  Sim, senhor Presidente, o torcedor faz isso há 13 anos. E fez isso inclusive nos dois gre-nais, quando levou 6 a 2 e um banho de bola. A tradição, a história e a camisa também levaram 6 a 2, ora bolas! Discurso ultrapassado este do presidente Koff!

Sempre prefiro acreditar em trabalho, competência, cobrança, remobilização, ajustes, correções. É assim que o Grêmio poderá passar pelo San Lorenzo e ir adiante na Libertadores.

 

Jornalista esportivo desde 1986, Leonardo Meneghetti foi repórter de rádio, TV e jornal e está no Grupo Bandeirantes desde 1994. Foi coordenador de esportes, diretor de jornalismo, e, desde 2005, é o diretor-geral da Band/RS. Diariamente, às 13h, comanda “Os Donos da Bola”, na Band TV. Escreve no Metro Jornal de Porto Alegre

 

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