Mountain View decidiu dar ao Android Auto uma roupagem “Material You” para que a interface do carro combinasse com o tema do seu smartphone. A ideia pareceu legal na apresentação principal, mas centenas de motoristas apaixonados por música descobriram que, em meio a todas as paletas de cores, a arte do álbum do Spotify agora cabe em um selo postal.
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O resultado: redes sociais inflamadas, comparações odiosas com o Samsung Auto e um grito coletivo de “devolvam minhas capas!”
Material You ao volante: teoria versus prática
No papel de parede, a filosofia Material You promete coesão visual: o papel de parede do carro “herda” os tons principais do seu telefone, fazendo com que tudo pareça um único ecossistema. Na prática, o Android Auto coloca esse papel de parede na frente de todo o resto, relegando o aplicativo aberto no momento a um canto minimalista.
O efeito? Muito zen, sim, mas os controles de reprodução parecem minúsculos e a arte do álbum parece um adesivo de para-brisa.
Arte reduzida a um selo: a ira dos fãs do Spotify
Os fóruns do Reddit foram rapidamente preenchidos com capturas de tela. O problema é óbvio: onde antes havia uma cobertura vibrante atrás de botões semitransparentes, agora há um grande bloco de cor sólida.
A miniatura do álbum tem menos de um terço do tamanho anterior, os controles flutuam no vazio e a barra de progresso recua como se o distanciamento social tivesse sido aplicado. Pior ainda em telas verticais: a arte da capa passa de “pequena” para “microscópica”.
Espaço em branco desnecessário...
Designers de UX costumam dizer que “ar” ajuda na legibilidade, mas aqui o ar se tornou um furacão. Há espaço para exibir letras, taxa de bits ou a fila de reprodução, mas o Android Auto prefere uma tela monocromática que poderia ser confundida com um espaço reservado sem carregar.
Muitos usuários se lembram com nostalgia do antigo fundo translúcido baseado no álbum atual — um detalhe que tornava a experiência premium sem distrair a atenção da estrada.
Não é só o Spotify: o Amazon Music também sofre
Quem pensa que isso é uma birra exclusiva dos fãs ecológicos está enganado. O Amazon Music inicializa com erros ao ligar o carro e, quando conseguem abri-lo, encontram a mesma dieta minimalista.
Entre o carregamento lento e os botões liliputianos, muitos optaram por usar o Bluetooth tradicional ou — a maior heresia — sintonizar o rádio FM enquanto o Google “resolve o problema”.
Esperança para o Material Design 3?
Em meio ao caos, uma luz no fim do túnel aparece. Engenheiros do Google sugeriram que parte da equipe já está trabalhando em ajustes com base no feedback, e gurus do Android 14 vazaram pistas sobre um Material Design 3 mais “adaptável ao contexto”.
Tradução livre: capas maiores, menos preenchimento e talvez widgets específicos para telas verticais. Sem data oficial, claro, mas pelo menos o volante não foi abandonado.
A atualização foi pensada para elegância e acabou induzindo nostalgia. O Android Auto ainda é um dos melhores copilotos digitais, mas a guerra de interfaces mostra que, quando você está dirigindo, a ergonomia visual importa tanto quanto a potência.
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Se o Google não corrigir isso em breve, veremos mais usuários instalando alternativas de terceiros ou, ironicamente, elogiando a velha tela “sem graça” que tanto criticavam.

