O que deveria ser um simples registro de exercícios de rotina tornou-se uma afronta à segurança nacional. Sete membros da equipe de segurança do primeiro-ministro sueco, Ulf Kristersson, publicaram pelo menos 35 rotas no aplicativo Strava, revelando dados confidenciais sobre sua residência, viagens oficiais e até férias.
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Essa omissão forçou as autoridades a revisar protocolos e considerar urgentemente os riscos de aplicativos esportivos em ambientes ultrassecretos.
Rotas Públicas, Informações Classificadas
Uma análise de mais de 1.400 atividades físicas, publicada pelo jornal Dagens Nyheter, identificou corridas e passeios de bicicleta que partiam diretamente:
- da residência particular de Kristersson em Estocolmo.
- da casa de campo oficial em Harpsund.
- da sede do Serviço de Segurança Sueco (Säpo) em Solna.
Cada uma dessas rotas, visível a qualquer usuário do Strava, deixou um rastro claro de horários, velocidades e locais exatos, transformando o mapa de treinamento em um documento de inteligência militar.
Férias em detalhes: de Estocolmo a Åland
Entre as opções de roteiros, está uma escapada em família para as Ilhas Åland, na Finlândia, em outubro de 2024.
Aqueles quilômetros de pedalada ao longo do Mar Báltico forneceram informações em primeira mão sobre datas de viagem e atrações turísticas, sem que os guarda-costas percebessem o perigo de publicar as coordenadas de sua viagem ou o destino de férias do primeiro-ministro.
Riscos Globais: A Lição da Suécia
Este incidente não é isolado:
- França: Um submarino nuclear foi exposto após um perfil no Strava.
- EUA: Agentes antiterrorismo viram suas rotas publicadas.
- Rússia: Um ex-comandante de submarino teria sido localizado pelo aplicativo e posteriormente morto.
A chefe de segurança da Säpo, Carolina Björnsdotter Paasikivi, resume:
“Alguém com intenções hostis poderia usar esses dados para planejar ataques ou emboscadas.”
Respostas e Novos Protocolos
Após o vazamento, vários perfis de agentes foram definidos como privados ou excluídos. A Säpo abriu uma investigação formal e reconhece erros no cumprimento dos protocolos de privacidade. As medidas em andamento incluem:
- Treinamento obrigatório sobre os riscos de aplicativos de geolocalização.
- Políticas claras sobre o uso ou proibição de plataformas de fitness durante o serviço.
- Auditorias regulares de mídias sociais para detectar postagens de pessoas sensíveis.
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Em um mundo hiperconectado, até mesmo uma simples rota de corrida pode quebrar barreiras de segurança. O caso sueco serve de alerta: antes de clicar em “Compartilhar”, vale a pena pensar duas vezes se o que mostramos ao mundo transforma um dia de esportes em um risco nacional.

