Um novo estudo realizado no Canadá sugere que as pílulas anticoncepcionais podem ter um impacto significativo no cérebro das mulheres, tornando-as mais propensas a assumir riscos.
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Publicada nesta terça-feira no periódico "Frontiers in Endocrinology", a pesquisa analisa os efeitos dos contraceptivos orais, utilizados por quase 2/3 das mulheres americanas entre 15 e 49 anos, de acordo com dados de 2018, de acordo com o NYPost.
Os pesquisadores, sediados em Montreal, se concentraram nas consequências do uso de hormônios produzidos naturalmente e sinteticamente no processamento do medo. Alexandra Brouillard, autora do estudo e pesquisadora na Université du Québec à Montréal, afirma que, embora as mulheres sejam informadas sobre os efeitos físicos, como a supressão do ciclo menstrual, os efeitos no desenvolvimento cerebral não foram totalmente explorados.
Impacto
O estudo envolveu 139 mulheres entre 23 e 35 anos, algumas utilizando contraceptivos orais, outras que haviam parado e algumas que nunca usaram. Comparadas aos homens do estudo, as mulheres sob contracepção apresentaram "um córtex pré-frontal ventromedial mais fino", responsável por regular emoções, como a diminuição de sinais de medo em situações seguras, segundo Brouillard.
A pesquisa levanta preocupações sobre a possibilidade de uma redução na regulação emocional devido ao afinamento desta área cerebral. No entanto, há indícios de que essa alteração pode ser reversível após a interrupção do uso das pílulas, conforme demonstrado por ex-usuárias que não apresentaram os mesmos resultados.
Os autores do estudo enfatizam a necessidade de mais pesquisas para confirmar os resultados e esclarecer aspectos desconhecidos. Brouillard destaca: "o objetivo não é desencorajar o uso, mas é crucial estar ciente de que a pílula pode afetar o cérebro, aumentando o interesse científico na saúde feminina e conscientizando sobre a prescrição precoce e o desenvolvimento cerebral, um tema ainda pouco explorado".
Pesquisas anteriores já indicaram um aumento no risco de depressão para mulheres que começaram a tomar contraceptivos na adolescência. Algumas relataram mudanças nas preferências e atrações após interromper o uso da pílula.
O estudo destaca a importância de ampliar a compreensão sobre os impactos das pílulas anticoncepcionais, indo além dos efeitos físicos tradicionalmente discutidos.