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Da zona sul a norte, insegurança e tiroteio prevalecem no Rio de Janeiro

Parte dos criminosos que participaram da guerra pelo controle do tráfico na Rocinha fugiu pela Floresta da Tijuca, segundo a polícia. No local há 100 trilhas, que levam a 14 bairros

Com medo dos tiroteios, moradores da Rocinha pedem paz Rommel Pinto/Futura Press

Os setores de inteligência das forças de segurança federais e estaduais que atuam na Rocinha seguem em busca dos criminosos que participaram da guerra pelo controle do tráfico de drogas na comunidade da zona sul. Parte dos bandidos fugiu pela área de mata da Floresta da Tijuca. De acordo com o Instituto Chico Mendes, há cerca de 100 trilhas, que levam a 14 bairros, das zonas sul, norte e oeste. Em uma das localidades, no Horto, moradores contam que há restos de comida e fogueira em um dos acessos.
No quinto dia de atuação das Forças Armadas na comunidade, ontem, houve um pequeno confronto e um suspeito foi baleado. Algumas unidades de saúde não abriram e 3,4 mil crianças ficaram sem aula na região.

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O último balanço da corporação informou que 24 fuzis e dois menores foram apreendidos, 16 pessoas foram presas e 9 suspeitos mortos nos cinco dias de operação.

A polícia investiga a informação de que Rogério 157 teria deixado a facção ADA – Amigo dos Amigos – para se tornar integrante do Comando Vermelho, grupo rival a Antônio Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha. Os frequentes tiroteios na comunidade começaram desde que Nem, preso em Rondônia, tenta retomar o controle da Rocinha.

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Apesar do patrulhamento de mais de mil homens que participam da operação, um motorista, que não quis se identificar, contou que foi abordado por seis criminosos armados na Estrada das Canoas. Ao fugir do bloqueio, o motorista tentou contato com o Disque Denúncia e com a PM, sem sucesso. “Sei que a polícia não pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo, mas tem que dar um pouco mais de atenção. Você fica realmente refém dessa situação”, desabafou.

Em nota, o Disque Denúncia informou que o telefone estava ocupado por conta da alta demanda de ligações. Já a PM alegou que houve um problema na linha.

Helicóptero joga panfletos
Um helicóptero das Forças Armadas sobrevoou a Rocinha ontem para lançar panfletos estimulando a população a denunciar o esconderijo dos traficantes.

O Disque Denúncia (2253-1177) já recebeu 307 ligações sobre esconderijos de bandidos e de armas na Rocinha. Somente ontem, 42 informações sobre o possível paradeiro de Rogério 157 foram repassadas ao órgão. A recompensa por notícias que levem à prisão dele é de R$ 50 mil.

Maré: tiro em escola e clínica da família
No complexo da Maré, na zona norte, uma unidade de saúde foi fechada à tarde, após ser atingida por um tiro durante um confronto na comunidade. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, nenhum funcionário da Clínica da Família Adib Jatene foi ferido.

Estudantes do 1o ao 5o ano do Ensino Fundamental da Escola Municipal Primário Medalhista Olímpico Lucas Saatkamp, também na Maré, precisaram se jogar no chão da sala de aula, tentando se proteger do tiroteio.

“As crianças entram às 8h e saem às 15h. Mas, ontem, a sorte é que faltaram merendeiras e a saída delas foi antecipada. O tiroteio começou às 13h e 15 alunos precisaram se proteger jogados no chão. Muitos ficaram apavorados e outros, calmos, por estarem muito acostumados a esses confrontos. Só saímos todos às 15h15. A realidade deles é muito difícil e triste”, relatou uma professora, que preferiu não se identificar.  

 

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