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‘Maníaco do Parque’: família ainda luta para provar que mulher foi morta por serial killer em São Paulo

Jane Albuquerque sumiu em 1990; parentes acreditam que ossada dela é uma das não identificadas no caso

Parentes acreditam que é dela uma das ossadas até hoje não identificadas no caso.
Família luta para provar que o 'Maníaco do Parque' matou Jane Cavalcante de Albuquerque, de 30 anos, que sumiu em junho de 1990 (Reprodução/Arquivo pessoal)

A família da pernambucana Jane Cavalcante de Albuquerque, de 30 anos, que desapareceu em junho de 1990 e nunca mais foi encontrada, ainda luta para provar que ela foi uma das vítimas do serial killer Francisco de Assis Pereira, o “Maníaco do Parque”. Os parentes acreditam que uma das duas ossadas que foram localizadas no Parque do Estado, na Zona Sul de São Paulo, até hoje não identificadas, era a da mulher.

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“Tenho certeza de que a minha irmã Jane é uma dessas vítimas sem nome”, disse a aposentada Josiluce Cavalcante dos Santos, de 70 anos, irmã de Jane, em entrevista à coluna “True Crime”, do jornal “O Globo”.

Josiluce contou que, na década de 1980, a família dela deixou Pernambuco e se mudou para São Paulo em busca de uma vida melhor. Na época, eles firmaram endereço no Capão Redondo, sendo que logo Jane conseguiu trabalho como empregada doméstica. Nos momentos de folga, a mulher gostava de frequentar o Parque do Ibirapuera e o Parque do Estado.

“Ela era muito dada. Puxava conversas com estranhos e aceitava carona de qualquer um. Uma vez eu disse que o paulistano não era igual ao pernambucano. Que era para ter cuidado. Ela chegou a pegar carona com motoqueiros”, lembrou a irmã.

Conforme o relato, no dia 15 de novembro de 1989, Jane voltou para casa com vários hematomas pelo corpo. Na época, ela disse que pegou uma carona e foi levada ao Parque do Estado, onde tinha sido agredida por um jovem. Apesar da violência, ela conseguiu escapar.

A família ficou com medo e, sete meses depois, decidiu voltar para Pernambuco. Mas Jane decidiu ficar, afinal, não queria deixar o emprego. Em junho de 1990, ela saiu de casa para buscar algumas roupas na casa de uma amiga, mas desapareceu e até hoje não foi localizada. O boletim de ocorrência sobre o sumiço foi registrado no dia 24 de junho daquele ano.

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Quando confessou seus crimes, Francisco disse ter matado nove mulheres no Parque do Estado. No entanto, a perícia foi ao local e encontrou apenas três ossadas femininas. Uma delas, que estava carbonizada, foi identificada como sendo Isadora Fraenkel, de 19 anos. Os restos mortais das outras duas vítimas seguem sem identificação até os dias atuais.

Assim, a família de Jane afirma ter certeza de que ela foi uma das vítimas do serial killer. Contudo, essa tese não foi comprovada.

“O que me faz ter certeza de que minha tia foi vítima do Maníaco é o fato de ela ter as mesmas características das mulheres assassinadas por ele. Ela era branca, baixinha e tinha os cabelos encaracolados na altura dos ombros quando desapareceu”, disse o empreendedor Glavércio Carlos Cavalcante dos Santos, de 46 anos, sobrinho de Jane.

O delegado Sérgio Alves orientou a família a procurar o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo para solicitar uma nova verificação sobre as ossadas. Assim, os parentes disseram que pretendem reunir os documentos e procurar as autoridades em breve.

Já o procurador Edilson Bonfim alertou apenas que, mesmo que se comprove que Jane é uma das vítimas do serial killer, ele não seria mais responsabilizado. “Já se passaram mais de 20 anos da data do fato - caso tenha ocorrido o homicídio dessa moça -, portanto, o crime já prescreveu. Do ponto de vista penal, nada mais pode ser feito”, destacou ele à coluna “True Crime”.

Francisco foi condenado a 268 anos de prisão pela morte de sete vítimas, sendo que uma delas não foi identificada. As demais foram: Patrícia Gonçalves Marinho, 24 anos; Selma Ferreira Queiroz, 18 anos; Raquel Mota Rodrigues, 23 anos; Isadora Fraenkel, 19 anos; Rosa Alves Neta, 21 anos; e Elizângela Francisco da Silva, 21 anos.

Relembre o caso

Francisco, que trabalhava como motoboy, escolhia suas vítimas e depois as atacava no Parque do Estado, onde costumava passear de patins.

Entre os anos de 1997 e 1998, o criminoso atacou diversas mulheres, sempre as atraindo dizendo que era um “caçador de talentos” e que tinha uma oportunidade de campanha publicitária. O homem oferecia, inclusive, pagamento pelas fotografias e muitas das jovens acabaram sendo enganadas.

O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) encontrou inicialmente os corpos de seis vítimas, sendo que todas apresentavam sinais de violência sexual e estavam nuas. Assim, havia a suspeita de que todos os casos tinham sido cometidos pela mesma pessoa.

A polícia enfrentou dificuldades para chegar até o suspeito, mas ele acabou sendo preso em 1998, depois que foi denunciado por um pescador na cidade de Itaqui, no sul do Rio Grande do Sul, perto da fronteira do Brasil com a Argentina.

O condenado já passou quase 30 anos na cadeia e, segundo as leis brasileiras aplicadas na época da sentença, poderá ser solto em 2028. Para isso, terá que ser aprovado em exames psicológicos. Porém, o tema preocupa especialistas autoridades que têm ligações com o caso, pois eles dizem que ele “voltará a matar”.

O Maníaco do Parque aterrorizou a cidade de São Paulo no final dos anos 90
Francisco de Assis Pereira, o 'Maníaco do Parque', que aterrorizou a capital paulista na década de 90 (Reprodução / Twitter)

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