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PM que matou homem negro pelas costas em frente a mercado em São Paulo é preso

Imagens de câmeras de segurança registraram quando Vinicius de Lima Britto atirou em jovem acusado de furtar mercado na zona sul

Agente alega que agiu em legítima defesa, mas família da vítima contesta essa versão
Vídeo mostra quando o PM Vinicius de Lima Brito atirou e matou o jovem Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos, na frente de um mercado, na zona sul de SP (Reprodução/Redes sociais)

O policial militar Vinicius de Lima Britto, que executou pelas costas um jovem negro em frente a um mercado Oxxo na zona sul de São Paulo, foi preso na quinta-feira (5). Imagens de câmeras de segurança registraram o momento em que ele fez os disparos. Segundo a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, o PM foi levado ao Presídio da Polícia Militar Romão Gomes após passar pela audiência de custódia.

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O policial, que estava de folga no dia, já tinha sido afastado de suas funções. O afastamento aconteceu só um mês depois, após a gravação vir à tona.

No pedido de prisão feito à Justiça, a Promotoria argumenta que “está provada a existência do crime e existem indícios suficientes de autoria” e ressalta que a liberdade do acusado “põe em risco a ordem pública e prejudicará a instrução processual”, que é a fase em que são colhidos depoimentos e coletadas provas, pois poderá deixar as testemunhas com medo de falar.

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Afirma ainda que o PM “praticou homicídio qualificado” e “efetuou diversos disparos contra a vítima pelas costas, que estava completamente desarmada e indefesa. Indicando, portanto, dolo exacerbado e brutalidade na prática do delito por ele intentado”.

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A Promotoria considerou o motivo do crime fútil por ter reagido de forma desproporcional ao furto de produtos de limpeza, além de o PM ter usado um meio que impossibilitou a defesa da vítima e ter colocado outras pessoas em risco, uma vez que fez os disparos na rua.

O Ministério Público ainda ofereceu denúncia contra o policial. Se for aceita pela Justiça, ele se tornará réu e responderá a processo.

A execução do jovem no mercador não é o único episódio letal na carreira do MP. Ele também é investigado pela morte de dois homens em São Vicente, no litoral de São Paulo.

O crime

Pelas imagens, Gabriel Renan da Silva Soares, que vestia um moletom vermelho com capuz, entrou no mercado no bairro Jardim Prudência.

Em seguida, ele andou até a seção de limpeza, onde pegou quatro pacotes de sabão de rouba. Na fuga, ele escorregou num pedaço de papelão na porta do estabelecimento e caiu no chão do estacionamento.

O policial estava no caixa pagando pelas compras, quando percebeu a ação. Vinicius sacou a arma e atirou várias vezes pelas costas de Gabriel, que tentava fugir. O jovem morreu no chão do estacionamento. Segundo o boletim de ocorrência, foram encontradas 11 perfurações pelo corpo dele.

No depoimento na delegacia, o PM disse que Gabriel estava armado e com a mão no bolso do moletom, razão pela qual ele atirou. Vinicius alegou que agiu em legítima defesa. Contudo, não é o que as imagens mostram.

O jovem morava com a mãe e os dois irmãos próximo ao mercado Oxxo. Ela percebeu que Gabriel não havia voltado para casa por volta das 5h de segunda (4).

O irmão de Gabriel contou à mãe que passou pelo mercado por volta da meia-noite e viu uma pessoa morta no chão coberta por uma lona: “a bota era igual do meu irmão”.

Silvia chegou a ir trabalhar, porém como Gabriel não apareceu, decidiu procurá-lo pelo bairro com o ex-marido. Ao chegar no mercado, um funcionário informou aos pais que “mataram um nóia”. Foi neste momento que Silvia e Antônio descobriram a morte do filho.

“Foi muito covarde. Podia ter levado preso. Existe cadeia para isso que é o procedimento, porque você ter uma arma Glock .40. Um tiro só já faz um estrago”, disse Silvia indignada.

Para a família, a versão apresentada pelo policial militar e pelo atendente do mercado é contraditória. Eles afirmam que Gabriel não fugiu após ser baleado e ainda se voltou contra o agente. “Se você tomar um tiro, qual é a sua reação? Sair correndo, não voltar para o local que o cara está atirando”, afirma o pai.

Britto foi reprovado no exame psicológico do concurso da Polícia Militar em 2021, quando tentou ingressar na corporação pela primeira vez.

Segundo o resultado da avaliação, Vinicius apresentou “inadequação” aos critérios exigidos no perfil psicológico para o cargo de soldado nos seguintes requisitos:

  • relacionamento interpessoal adequado;
  • capacidade de liderança;
  • controle emocional.

A informação foi divulgada inicialmente pelo site “O Joio e O Trigo”.

Após ser reprovado, Vinicius entrou com uma liminar contra a Fazenda Pública de São Paulo para contestar o resultado.

Cerca de três meses após a extinção do processo, Vinicius foi aprovado em um segundo concurso para soldado da Polícia Militar, em novembro de 2022.

Questionada sobre o motivo pelo qual Vinicius conseguiu ser aprovado, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que “não há impedimento legal para uma pessoa prestar um novo concurso para a Polícia mesmo após ter sido reprovado anteriormente”.

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