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De presidente a ditador: quem foi Alberto Fujimori?

Depois de permanecer 10 anos no poder, ele foi condenado em 4 ocasiões por crimes de homicídio qualificado, sequestro agravado, fraude e corrupção

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Arquivo - O ex-presidente do Peru, Alberto Fujimori, comparece a um julgamento contra ele em uma base policial em Lima, em dezembro de 2007 AP (Martin Mejia/AP)

Alberto Kenya Fujimori Inomoto nasceu em 1938 em Lima, depois que seus pais japoneses chegaram ao Peru em 1934. Ele estudou em três escolas diferentes e ingressou para estudar Agronomia na Universidade Nacional Agrária La Molina, formando-se como o primeiro de sua turma.

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Posteriormente, estudou Física Pura na Universidade de Estrasburgo, na França, e seguiu uma pós-graduação na Universidade de Wisconsin-Milwaukee, nos Estados Unidos, onde obteve o grau de mestre em Ciências Matemáticas em 1969.

De volta ao Peru, ele atuou como professor na Universidade Nacional Agrária, onde depois se tornou decano da Faculdade de Ciências e, em 1984, foi eleito reitor, cargo que ocupou até 1989.

Carreira política

Alberto Fujimori iniciou sua carreira política em 1990, quando se apresentou às eleições presidenciais como líder do partido Cambio 90. Apesar de ser um político desconhecido, ele obteve o apoio de setores marginalizados, pequenos empresários e o importante respaldo do governo de Alan García, que ordenou que o Serviço de Inteligência Nacional (SIN) o ajudasse, fornecendo informações sobre a vulnerabilidade de seu adversário, Mario Vargas Llosa.

Já na presidência, em 5 de abril de 1992, ele deu um autogolpe de Estado com a ajuda do Exército e assessorado por Vladimiro Montesinos, ocasião em que fechou o Congresso, tomou as sedes judiciais e alterou a Constituição, sendo reeleito em 1995.

Em seu segundo governo, ele implementou um polêmico plano de saúde pública que promovia esterilizações forçadas de mulheres e homens pobres em áreas andinas, com o objetivo de combater a pobreza, o que levou à abertura de um processo judicial em dezembro de 2021.

Embora não haja dados precisos sobre o número de esterilizações forçadas, estima-se que durante seu governo mais de 350.000 mulheres e 25.000 homens foram esterilizados.

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Mesmo durante seus governos, o Peru adotou uma política neoliberal, privatizando empresas do setor público para atrair investimento estrangeiro, por trás dessas medidas houve muito clientelismo e corrupção que enriqueceu a família Fujimori. Na verdade, em 2004, o Relatório Global sobre Corrupção, elaborado pela ONG Transparência Internacional, o colocava como o sétimo mandatário mais corrupto, estimando que ele havia roubado 600 milhões de dólares durante seus dez anos de mandato.

As condenações de Fujimori

A primeira condenação contra Alberto Fujimori ocorreu em 11 de dezembro de 2007, quando foi sentenciado a 6 anos de prisão por usurpação de funções devido à invasão ilegal da casa de Trinidad Becerra, esposa de seu assessor Vladimiro Montesinos, e que pretendia ocultar evidências após a divulgação dos vídeos de Montesinos.

Em 7 de abril de 2009, Fujimori foi condenado a 25 anos de prisão por homicídio qualificado com agravante e sequestro agravado, pelos massacres de Barrios Altos e La Cantuta, além das detenções de Gustavo Gorriti e Samuel Dyer.

Na ocasião, foi determinado que as violações dos direitos humanos faziam parte de uma estratégia sistemática de ‘guerra de baixa intensidade’ do governo de Fujimori, em colaboração com Montesinos e o ex-comandante geral das Forças Armadas do Peru, Nicolás Hermoza Ríos.

Meses depois, em 20 de julho de 2009, Fujimori foi novamente condenado, desta vez a 7 anos e meio de prisão por fraude doloso e falsidade ideológica, devido ao pagamento de 15 milhões de dólares a Montesinos com fundos estatais, como compensação pelo tempo de serviço.

Além disso, em 30 de setembro de 2009, Alberto Fujimori foi condenado a 6 anos de prisão por corrupção devido a pagamentos ilegais a congressistas, espionagem e compra de meios de comunicação.

Finalmente, em 8 de janeiro de 2015, ele foi condenado novamente, desta vez por fraude no desvio de 122 milhões de soles para o Serviço de Inteligência Nacional (SIN) para financiar os ‘jornais sensacionalistas’. No entanto, essa condenação foi anulada em agosto de 2016 pela Sala Permanente da Corte Suprema, absolvendo Fujimori.

Julgamentos pendentes

Entre as causas que ficaram pendentes após a morte de Alberto Fujimori está o caso Pativilca, onde lhe é atribuída a responsabilidade pelo assassinato de seis membros da comunidade pelas mãos do grupo paramilitar Colina, ocorrido na pampa San José e Caraqueño, no distrito de Pativilca, em janeiro de 1992.

Em relação ao caso das Esterilizações Forçadas, em março de 2021, a justiça peruana iniciou um processo penal contra Alberto Fujimori e outros investigados, como autor mediato do crime contra a vida, o corpo e a saúde, pois, de acordo com o Ministério Público, os acusados estabeleceram uma política de saúde que na verdade era um programa de esterilizações, que teria sido executado sem o consentimento das vítimas.

Outra das causas que ficaram pendentes é o caso Chavimochic, onde é acusado de ter entregue 800 mil dólares de fundos públicos ao empresário Augusto Miyagusuku. Dinheiro que teria sido usado para adquirir terras do Projeto de Irrigação Chavimochic do Vale de Virú.

Finalmente, Alberto Fujimori também foi acusado de crimes contra a segurança e a tranquilidade pública, devido à suposta venda de armas às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Segundo o Ministério Público, Fujimori e Vladimiro Montesinos venderam ilegalmente 10 mil fuzis AK-47 para as FARC. Armamento de guerra que foi entregue à guerrilha sendo lançado em caixas com paraquedas sobre a selva da Colômbia.

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