A Polícia Federal vai instaurar um inquérito para apurar denúncias de assédio sexual contra o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. A medida ocorre após a organização não-governamental Me Too Brasil, que atua em defesa de mulheres contra violência sexual, informar que foi procurada por vítimas. Conforme o portal “Metrópoles”, entre elas estaria a ministra da Igualdade Racial Anielle Franco. Em meio à repercussão do caso, a esposa do ministro, a modista Ednéia Carvalho, saiu em sua defesa.
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“São tão absurdas essas acusações contra o Silvio, tão injustas. Você não merecia nada disso, eu sinto tanto. Eu, sua família e amigos estamos com você e aguardando a justiça de Deus e de xangô”, escreveu Ednéia, em postagem nos stories de seu Instagram. “Você sempre foi um homem íntegro, que respeita todas as pessoas e não é à toa que está à frente do @mdhcbrasil”, ressaltou a esposa do ministro.
O caso foi revelado pelo colunista Guilherme Amado, do “Metrópoles”, que destacou que a ONG Me Too recebeu denúncias de mulheres que relataram supostos episódios de assédio sexual praticados pelo ministro. Apesar da informação que entre elas estaria Anielle Franco, a entidade não revelou nomes das denunciantes. Procurada, a ministra também não quis se manifestar.
“A organização de defesa das mulheres vítimas de violência sexual, Me Too Brasil, confirma, com o consentimento das vítimas, que recebeu denúncias de assédio sexual contra o ministro Silvio Almeida, dos Direitos Humanos. Elas foram atendidas por meio dos canais de atendimento da organização e receberam acolhimento psicológico e jurídico”, divulgou o Me Too, em nota.
“Como ocorre frequentemente em casos de violência sexual envolvendo agressores em posições de poder, essas vítimas enfrentaram dificuldades em obter apoio institucional pra a validação de suas denúncias. Diante disso, autorizaram a confirmação do caso para a imprensa”, ressaltou a ONG.
“A denúncia é o primeiro passo para responsabilizar judicialmente um agressor, demonstrando que ninguém está acima da lei, independentemente de sua posição social, econômica ou política. Denunciar um agressor em posição de poder ajuda a quebrar o ciclo de impunidade que muitas vezes os protege. A denúncia pública expõe comportamentos abusivos que, por vezes, são acobertados por instituições ou redes de influência”, informou a Me Too Brasil, ressaltando a entidade trata “todas as vítimas são tratadas com o mesmo respeito, neutralidade e imparcialidade.”
O Palácio do Planalto também informou que a Comissão de Ética da Presidência da República apura o caso e que o ministro foi chamado, na noite de quinta-feira (5), para “prestar esclarecimentos ao controlador-geral da União, Vinícius Carvalho, e ao advogado-geral da União, Jorge Messias, por conta das denúncias publicadas pela imprensa contra ele”.
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“O governo federal reconhece a gravidade das denúncias. O caso está sendo tratado com o rigor e a celeridade que situações que envolvem possíveis violências contra as mulheres exigem”, destacou o Planalto.
Silvio Almeida, que é formado em Filosofia e Direito, doutor e pós-doutor pela Universidade de São Paulo (USP), assumiu o Ministério dos Direitos Humanos em janeiro de 2023, no início do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Ministro nega acusações
Ao saber das acusações, Silvio Almeida também divulgou uma nota, na qual negou qualquer crime. “Repudio com absoluta veemência as mentiras que estão sendo assacadas contra mim. Repudio tais acusações com a força do amor e do respeito que tenho pela minha esposa e pela minha amada filha de 1 ano de idade, em meio à luta que travo, diariamente, em favor dos direitos humanos e da cidadania neste país”, diz o texto.
“Confesso que é muito triste viver tudo isso, dói na alma. Mais uma vez, há um grupo querendo apagar e diminuir as nossas existências, imputando a mim condutas que eles praticam. Com isso, perde o Brasil, perde a pauta de direitos humanos, perde a igualdade racial e perde o povo brasileiro”, ressaltou o ministro, que reforçou que toda denúncia deve ser investigada no rigor das leis.
“Quaisquer distorções da realidade serão descobertas e receberão a devida responsabilização. Sempre lutarei pela verdadeira emancipação da mulher, e vou continuar lutando pelo futuro delas. Falsos defensores do povo querem tirar aquele que o representa. Estão tentando apagar a minha história com o meu sacrifício”, destacou Silvio Almeida, que também postou um vídeo nas redes sociais falando do caso (veja abaixo).