O ex-seminarista Gil Rugai, condenado a mais de 30 anos de prisão por matar o pai e a madrasta, conseguiu a progressão para o regime aberto e vai cumprir o restante da pena em liberdade. Luiz Carlos Rugai, de 40 anos, e Alessandra de Fátima Troitino, de 33, foram assassinados em março de 2004 na casa em que viviam, no bairro de Perdizes, na Zona Oeste de São Paulo. O rapaz tinha 20 anos na época do crime e sempre alegou inocência.
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Um vídeo, divulgado pelo “Jornal da Record”, mostra o momento em que o ex-seminarista deixou a Penitenciária Dr. José Augusto César Salgado, a P2, conhecida como ‘presídio dos famosos’, em Tremembé, no interior de São Paulo, na tarde de quarta-feira (14). Assista abaixo:
Apesar de estar em liberdade, Rugai deverá ser monitorado por uma tornozeleira eletrônica e deve cumprir medidas cautelares, como comparecimento em juízo, não mudar de endereço e obter ocupação lícita no prazo de 90 dias.
Relembre o crime
Gil Rugai trabalhava com seu pai, Luiz Carlos, em uma agência de publicidade que funcionava na casa dele, e os dois teriam discutido depois que o genitor descobriu que seu filho desviava dinheiro da empresa.
Assim, segundo a acusação, no dia 28 de março de 2004, o ex-seminarista matou o pai com seis tiros. Já a madrasta levou cinco.
Ele foi julgado em 2013 e condenado a 33 anos e nove meses de prisão. Desde então, já fez diversas entradas e saídas da prisão. Em 2021, ele progrediu ao regime semiaberto, mas chegou a ter o benefício suspenso em abril do ano seguinte, o que conseguiu reverter na Justiça dois meses depois.
Conforme o site UOL, o ex-seminarista cursa arquitetura desde maio deste ano, após conseguir uma autorização do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Assim, como estava no regime semiaberto, ele deixava o presídio entre 17h e 23h30, quando se dirigia até a universidade que fica na cidade de Tremembé, também no interior paulista, monitorado por tornozeleira eletrônica.
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Progressão de pena
A defesa pediu ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), no fim de julho passado, a progressão de pena, alegando que o detento “sempre ostentou um ótimo comportamento carcerário”. No documento, a advogada Thais Merino Barros apontou que a Justiça deve recalcular a data-base para pleitear progressão da pena ao regime aberto que, segundo ela, seria em meados de 2020.
No entanto, o ex-seminarista passou pelo teste de Rorschach, no qual teve um parecer negativo. Segundo a coluna “True Crime”, do jornal “O Globo”, o exame o classificou como impulsivo, imaturo, agressivo, egocêntrico, inconstante e frustrado. Esse resultado foi anexado ao processo de execução penal na semana passada.
Conforme a coluna, o teste assinado pela psicóloga Mônica Evelyn Thiago destacou que Gil Rugai “apresenta conflitos afetivo-emocionais e impulsividade latente que se manifestam especialmente em momentos de maior ansiedade e estresse, provocando oscilações de humor”.
Assim, a partir do resultado do teste de Rorschach, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) tentou impedir a soltura do detento. O promotor Gustavo José Pedroza Silva, do Departamento Estadual de Execuções Criminais da 9ª Região de São José dos Campos, entrou com o recurso para que a Justiça.
“O teste oferece um panorama mais detalhado e complexo do estado psicológico do reeducando, impondo sérias reflexões sobre sua capacidade de reintegração à sociedade”, disse o promotor.
O MP-SP ressaltou que o ex-seminarista cometeu um crime “muito grave” e que ele só cumpriu aproximadamente um terço da pena. “O tempo proporcional de cumprimento é considerado diminuto, e a exposição de motivos da Lei de Execuções Penais sustenta que a progressão deve ser uma conquista do condenado pelo seu mérito”, argumentou Silva.
No entanto, apesar da solicitação do promotor, a juíza Sueli Zeraik de Oliveira Armani, do Departamento Estadual de Execução Criminal, da comarca de São José dos Campos, concedeu a progressão de pena e, assim, ele cumprirá o restante da pena em liberdade.
A defesa de Gil Rugai não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.