Um vídeo publicado em uma rede social mostrou um grupo de policiais militares celebrando o massacre do Carandiru e exaltando o coronel Ubiratan Guimarães, que liderou a operação que resultou na morte de 111 detentos na Casa de Detenção, em São Paulo, no dia 2 de outubro de 1992.
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A Polícia Militar informou que não tinha conhecimento do vídeo e que a análise inicial sugere tratar-se de uma ação isolada de alunos de um curso de formação de soldados, sem a presença de instrutores. A corporação desaprovou totalmente o conteúdo das imagens e o Comando de Policiamento de Choque (CPChoque) ordenou uma investigação imediata do incidente.
Nas imagens, os soldados do Choque aparecem formando uma roda, batendo palmas e entoando cânticos que fazem referência ao Regimento 9 de Julho, a polícia montada da PM. Eles exaltam o Choque e o Primeiro Batalhão, unidade que “acalmou a Casa de Detenção” em 1992, segundo os cânticos. As letras das músicas descrevem cenas de violência, mencionando bombas, facadas, tiros, granadas e corpos mutilados, além de fazerem alusão à guerra do Vietnã e darem continência ao coronel Ubiratan.
O massacre do Carandiru ocorreu após uma rebelião de presos no Pavilhão 9. A PM foi chamada para conter a situação, resultando em um episódio que repercutiu mundialmente, sendo manchete em diversos países.
Implicações jurídicas e futuro do caso
O caso do massacre teve um longo percurso jurídico, com o Tribunal do Júri condenando 74 policiais militares a penas que variam de 48 a 624 anos de prisão. Em 2022, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou as condenações e determinou o trânsito em julgado do processo. No entanto, em dezembro do mesmo ano, o então presidente Jair Bolsonaro concedeu indulto aos condenados, uma decisão que foi parcialmente suspensa pela ministra Rosa Weber em janeiro de 2023.
Em 17 de junho, Luiz Fux autorizou a Justiça de São Paulo a retomar o julgamento do indulto. Ele determinou que o Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo continue o julgamento, independentemente do resultado da ação que tramita no STF. Segundo entidades de direitos humanos, a maioria das vítimas do massacre eram presos provisórios, sem condenação.
Especialistas em segurança pública e sociólogos acreditam que o massacre do Carandiru foi um marco para a organização dos presos, culminando na criação do PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior facção criminosa do Brasil.
Fonte: UOL