Laudos elaborados pela Polícia Técnico-Científica de São Paulo concluíram que não houve violência na morte da jovem Livia Gabriele Da Silva Matos, de 19 anos, que passou mal durante um encontro em que manteve relação sexual com o jogador Dimas Cândido de Oliveira Filho, de 18, ex-sub 20 do Corinthians. Reportagem do “Fantástico”, da TV Globo, revelou que a análise concluiu que não havia fraturas ou outros sinais de agressão no corpo da vítima. A jovem sofreu um corte na vagina de cinco centímetros, que provocou uma forte hemorragia.
Nos laudos consta que não foi encontrado esperma do atleta no corpo da jovem, o que confirma que houve uso de camisinha na relação sexual. Além disso, como o rapaz disse, foi comprovado que ambos não usaram drogas ou bebidas alcoólicas.
O caso aconteceu na noite do dia 30 de janeiro deste ano. De acordo com a Polícia Militar, quando a garota foi socorrida, apresentava um intenso sangramento nas partes íntimas. A jovem sofreu quatro paradas cardiorrespiratórias e não resistiu. No hospital, os médicos constataram que ela tinha uma ruptura de 5 cm de extensão na escavação retouterina, que é região genital localizada entre o útero e o reto.
Conforme os laudos da perícia, tal ruptura foi causada por um “objeto contundente”, que não foi especificado. Especialistas ouvidos pelo “Fantástico” disseram que Livia morreu por causa da hemorragia e opinaram que o pênis de Dimas pode ter causado a ruptura.
“A causa da morte foi, na verdade, uma hemorragia aguda com choque hemorrágico. Muitas vezes isso pode ocorrer sem muita dor, e provavelmente só teve início a queixa com os sintomas já de choque: tontura, taquicardia, perda de consciência. [O objeto contundente foi] Especificamente o pênis contra o fundo do saco vaginal”, explicou o médico ginecologista e perito judicial Jairo Iavelberg.
“O pênis pode ter levado a essa lesão. O caso dela foi uma fatalidade, aparentemente pelo que tá aparecendo, pela parte anatômica”, comentou Fabiane Vale, da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia.
Os especialistas ressaltaram que casos como o que aconteceram com Livia são considerados raros. “As mulheres não precisam ficar preocupadas. Isso é uma condição rara. Mas se a mulher apresenta algum sangramento durante a relação sexual, se a mulher tem dor durante a relação sexual, para, procura ajuda. Vai no ginecologista, para ter uma vida sexual saudável, plena”, completou Fabiane.
A Polícia Civil informou que ainda aguarda o resultado de alguns documentos, como a investigação sobre o histórico de saúde da jovem, para prosseguir com a investigação.

O que disse a defesa do jogador?
Dimas consta como investigado, mas não como suspeito pela morte de Livia. O advogado Tiago Lenoir, que defende o jogador, afirmou ao “Fantástico” que os “laudos deixam claro que houve consentimento, que não houve violência. É um absurdo a gente querer espremer para tentar buscar alguma coisa criminal contra o Dimas. Ele foi testemunha de uma fatalidade”, disse.
Dimas voltou para Contagem, em Minas Gerais, onde retornou para o Coimbra Sports. Ele estava emprestado para o Corinthians, com um contrato que venceria no fim deste ano, mas ficou muito abalado após a morte de Livia, segundo o advogado.
“Ele está extremamente abalado ainda com toda essa situação. Não tinha clima nenhum para ele jogar mais no Corinthians. Agora ele está trabalhando, cuidando da cabeça dele, cuidando do corpo dele para retomar com a carreira dele”, acrescentou Lenoir.
O defensor disse que houve demora no atendimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e que isso foi um fator importante que levou a morte da jovem. “O tempo foi fundamental para a evolução desse óbito. Demorou demais. Será que o Samu está preparado para atendimentos de pronto atendimento ginecológicos?”.
Procurada, a Prefeitura de São Paulo, responsável pelo Samu, lamentou “a tentativa do advogado de imputar responsabilidade descabida ao Samu, serviço fundamental para salvar vidas”. Além disso, a administração municipal ressaltou que o socorro estava na portaria do prédio 11 minutos após o chamado e que a equipe teve dificuldades para ter acesso ao prédio, já que a portaria não tinha sido avisada sobre a emergência.
Relembre o caso
Livia era estudante de enfermagem e morava com a família em São Paulo. Na delegacia, o pai dela contou que a filha disse que ia até um restaurante com uma amiga, no dia 30 de janeiro deste ano, onde elas iriam assistir ao jogo do Corinthians contra o São Paulo, pelo Campeonato Paulista.
Porém, por volta das 19h30, ele recebeu uma ligação de uma enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que dizia que a garota estava sendo socorrida e levada ao Hospital Municipal do Tatuapé.
Conforme o site G1, o pai disse à polícia que no hospital soube que a filha tinha dado entrada com um corte de cinco centímetros na vagina e que, provavelmente, ele seria a fonte de uma hemorragia. Livia já tinha sofrido três paradas cardiorrespiratórias enquanto era levada até a unidade de saúde e, depois que deu entrada, houve mais uma. Os médicos não conseguiram mais estabilizar a jovem, que morreu.
Depois da confirmação da morte de Livia, Dimas foi até o 30º Distrito Policial, no Tatuapé, para prestar esclarecimentos, onde negou que eles tenham feito uso de entorpecentes ou bebidas alcóolicas. Ele disse que conversava com a garota há alguns meses pelas redes sociais, mas que aquela foi a primeira vez que eles se encontraram pessoalmente.
Uma perícia foi realizada no apartamento do jogador, na qual foram encontrados lençóis e toalhas sujas de sangue. A cama também estava fora do lugar, mas Dimas disse que foram os socorristas do Samu que moveram o móvel para prestar socorro à vítima.

