Um vídeo exibido pelo “Fantástico”, da TV Globo, mostra o momento em que o deputado federal Carlos Alberto da Cunha, de 46 anos, mais conhecido como “Delegado Da Cunha”, ofendeu e ameaçou matar a ex-companheira, Betina Grusiecki. A jovem disse à Justiça que a agressão foi cometida no dia 14 de outubro de 2023, em um apartamento em Santos, no litoral de São Paulo. O parlamentar virou réu por violência doméstica e está afastado das atividades políticas.
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As imagens foram gravadas por um celular, que estava dentro de uma bolsa. É possível ver o deputado de relance, mas o áudio mostrou a conversa entre o ex-casal. Confira abaixo:
- Da Cunha: “Vai correndo para casa da mamãezinha”.
- Betina: “Não. Não vou para casa da mamãe”.
- Da Cunha: “Pode parar. Pode parar, senão vou te matar aqui”
- Betina: “Vai me matar?”
- Da Cunha: “Matar”.
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- Betina: “Ah, então mata.”
Depois desse diálogo, é possível ouvir que Betina estava ofegante e passou a gritar pedindo que alguém chamasse a polícia. Em depoimento à Justiça, a jovem contou que tinha sido empurrada com força contra uma parede e sido sufocada por Da Cunha e chegou a perder os sentidos. Quando acordou, voltou a ser agredida e aí ela pediu ajuda para os filhos dele.
Durante a briga, a mulher pegou um secador de cabelos e bateu contra a cabeça do parlamentar, que começou a sangrar. Betina alegou que apenas se defendeu e que parou de ser agredida após reagir.
Em audiência na Justiça, Da Cunha afirmou que “em momento nenhum” bateu a cabeça de Betina na parede. Ele chegou a abrir um boletim de ocorrência contra a ex-companheira pelo ferimento com o secador, mas o Ministério Público concluiu que ela agiu em legítima defesa.
A jovem passou por exames no Instituto Médico Legal (IML), que comprovaram que ela sofreu escoriação no couro cabeludo e lesões corporais leves. Depois da agressão, Betina foi para a casa do pai e o caso foi denunciado.
O advogado Eugenio Malavasi, que defende o parlamentar, disse que vai solicitar uma perícia ao vídeo apresentado por Betina. “Eu vou pedir a submissão desse vídeo a perícia. Porque esse vídeo não foi periciado [...] Não estou falando que é inverídico, mas não passou pelo crivo do Instituto de Criminalística, não foi submetido À perícia oficial”, ressaltou.
O defensor também afirma que o deputado não ameaçou a ex-companheira de verdade, mas apenas no calor da discussão. “Dentro de um contexto. Se ele disse isso, foi dentro de um contexto de cólera, dentro de um contexto de briga. Nós somos homens. Quando digo homens, seres humanos. Seres humanos têm discussões de casais. Um fato isolado na vida do deputado não pode estar embrionariamente ligado com exercício do mandato de deputado federal, do deputado delegado da Cunha”, disse Malavasi.
Proposta de acordo
A família de Betina diz que Da Cunha passou a ligar insistentemente propondo um acordo para que a jovem não divulgasse o vídeo que registrou a violência doméstica. “Queria que você conversasse com ela para não lançar esse vídeo, porque esse vídeo acaba com minha vida. Colocar um vídeo desse, eu vou perder o meu mandato”, disse o político para a mãe da ex-companheira.
Apesar dos apelos, Da Cunha virou réu no caso, que ainda será julgado. De acordo com a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, ele está regularmente afastado para exercer a atividade parlamentar e ainda responde a cinco procedimentos na Corregedoria da Polícia Civil, ainda sem decisão definitiva.
O casal estava junto desde 2020 e a mulher contou que era agredida física e verbalmente com frequência. Ela obteve uma medida protetiva, que também abrange seus pais. À Justiça, Da Cunha tentou dar razões psicológicas e espirituais para o que aconteceu.
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