A mãe da menina Ana Sophia Gomes, de 8 anos, que desapareceu em julho do ano passado, em Bananeiras, no interior da Paraíba, ainda tem esperanças de encontrar a filha com vida. Maria do Socorro Nobre Gomes, de 42 anos, afirma que a garota deve “ter sido vendida” e critica a pressa da Polícia Civil em encerrar as investigações. Já a corporação acredita que a vítima tenha sido morta, apesar do seu corpo nunca ter sido achado. O principal suspeito do crime, o porteiro Tiago Fontes Silva da Rocha, de 34 anos, cometeu suicídio.
Em entrevista ao jornalista Ulisses Campbell, que assina a coluna “True Crime”, no jornal “O Globo”, a mãe de Sophia afirmou que mantém a cama da filha feita todos os dias e que não aceita a alegação de que ela esteja morta.
“Acredito que Deus vai trazer a minha filha de volta. Vai ter um milagre, sabe? Ela entrou na casa do Tiago [suspeito pelo crime], mas a polícia não conseguiu me provar que ela foi morta por ele. Eu quero a minha filha de volta! Só acredito que ela morreu se me mostrarem o corpo dela no caixão. Cadê?”, questionou Maria do Socorro.
“Se a minha filha estiver morta, estou aqui em casa esperando uma prova. Enquanto não provarem que ela morreu, eu sigo inconformada. Sonhando com o dia que ela vai voltar para casa”, disse ela, que ressaltou: “Enquanto eu estiver respirando, vou aguardar por ela. Até o fim dos meus dias.”

Relembre o caso
Ana Sophia desapareceu na tarde do dia 24 de julho do ano passado, após sair de casa sozinha para brincar na casa de uma amiga, no distrito de Roma. Imagens de câmeras de segurança registraram a menina caminhando pelas ruas do bairro. Ao chegar na residência da colega, soube que a menina iria sair com a mãe e decidiu voltar. Porém, no meio do caminho, ela desapareceu enquanto seguia pela Rua Miguel Paulino Maia.
A Polícia Civil passou a investigar o caso e descobriu que Ana Sophia entrou na casa de Tiago Fontes Silva da Rocha. A corporação acredita que o homem atraiu a criança, a estuprou e depois a matou. Na sequência, colocou o corpo dela no porta-malas do carro e o jogou em algum lugar até hoje desconhecido.
A corporação chegou a pedir a prisão do porteiro, que era marido da vice-diretora da escola onde Ana Sophia estudava e teria conhecimento da rotina da criança. A casa do casal passou por perícia e nenhum indício de crime foi identificado no local. Os policiais descobriram, contudo, que o porteiro chegou a pesquisar sobre “genitálias de crianças” e ainda sobre temas incomuns: “como desmembrar corpo de crianças”, “como dissolver ossos em ácidos” e “como destruir cadáveres usando fogo”.
O depoimento de Rocha foi marcado para o dia 11 de setembro do ano passado, quando ele seria preso. No entanto, ele não compareceu e passou a ser considerado foragido. Dois meses depois, o homem e foi encontrado morto em uma região de mata fechada na zona rural de Bananeiras. A polícia afirma que ele cometeu suicídio.
Viúva do porteiro, a professora Zilda Fernandes Silva da Rocha, de 39 anos, afirma que acredita na inocência do marido e ressalta que, caso ele tenha se matado, foi exatamente por não suportar ser acusado pela morte da menina injustamente. “Conheço o meu marido desde a infância. Crescemos no mesmo bairro. Ele não era pedófilo. Nem acredito que ele tenha se matado. Mas, se fez isso, foi por causa dessa falsa acusação”, disse Zilda à Campbell.
A polícia fez buscas na cidade com uma dezena de investigadores e até um açude inteiro foi esvaziado com uso de retroescavadeiras para tentar achar o corpo de Ana Sophia, mas nada foi achado. Agora, com a morte do principal suspeito, a corporação diz que as investigações devem ser arquivadas e o mistério sobre o que aconteceu com a criança seguirá sem respostas.


