A equipe da Polícia Federal que vai realizar a extradição do empresário Thiago Brennand, que responde por crimes sexuais, lesão corporal, tortura e cárcere privado, embarcou na manhã desta quinta-feira (27) para os Emirados Árabes, onde o homem está detido. A previsão é que ele seja trazido de volta ao Brasil nos próximos dias, com pés e mãos algemados, em função do seu histórico de violência.
A equipe que vai acompanhar Brennand é formada por um delegado, dois policiais federais e um escrivão da Interpol, a polícia internacional, que é treinado em jiu-jítsu. Conforme o site G1, ao desembarcarem em Dubai nesta tarde, os agentes seguirão de carro até Abu Dhabi, onde Brennand segue mantido em um hotel.
Brennand se tornou réu em oito processos no Brasil. Em cinco deles, teve a prisão preventiva decretada, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo. A defesa dele tentou revogar essas decisões que pesam contra ele, alegando que o empresário queria deixar os Emirados Árabes e entregaria seu passaporte no Brasil, mas desde que não fosse preso. No entanto, a solicitação foi negada.
Depois que a extradição já tinha sido autorizada, ele foi detido no último dia 17, quando a inteligência da polícia árabe desconfiou que ele poderia tentar fugir para a Rússia, onde tem amigos e já viveu por um período antes da pandemia de covid-19. De acordo com informações da TV Globo, ele resistiu à prisão, alegou “inocência” e disse que está sendo “injustiçado”.
O procurador-geral de Justiça de São Paulo, Mário Sarrubbo, informou que, depois que Brennand chegar ao Brasil, ele será levado a um Centro de Detenção Provisória e que a Polícia Civil assumirá as investigações.
A defesa do empresário não foi encontrada para comentar o assunto até a publicação desta reportagem.

Ironizava risco de ser preso
Thiago Brennand desafiava suas vítimas a denunciá-lo, com a certeza da impunidade. Em áudios enviados a uma mulher, a qual ele acusava de difamação, o homem ironizou o risco de ser preso. “Vão me meter na cadeia, ó meu Deus”, disse.
Segundo reportagem do jornal “O Globo”, os áudios foram envidados para a mulher em maio do ano passado. Na época, ele procurou a polícia para denunciar que ela, uma prostituta, teria se aliado a um ex-amigo dele para espalhar informações falsas a seu respeito para, depois, extorqui-lo. A vítima, momentos antes, tinha reclamado para uma amiga que tinha sido obrigada pelo empresário a manter relações sexuais sem uso de preservativo.
Assim, depois de registrar o boletim de ocorrência por difamação, Brennand mandou para ela uma foto que mostrava o documento. “Não tenho telhado de vidro, e não tenho medo de grupinho querendo me prejudicar”, escreveu o empresário às 23h12 de 4 de maio de 2022.
Depois disso, já na madrugada do dia 5 de maio, a mulher respondeu questionando qual crime ela teria cometido e o empresário respondeu: “Não quero papo com você (...) seu assunto é com a polícia”. A mulher não se intimida: “Estou aguardando a intimação. Vou falar tudo sobre o abuso que eu sofri. Tchau”. Brennand respondeu com ofensas: “Puta burra, pobre e bandida. Lixo humano. Fale sim, não esqueça nenhum detalhe.”
Ainda nas conversas com a mulher por telefone, Brennand disse que sempre defendeu as mulheres em sua vida e disse que tem sido “alvo de maldades”. Depois, ele minimizou o risco de ser preso e desafiou as vítimas a denunciá-lo: “Eu quero que vão todas. Todas. Sem exceção”.
No fim, as investigações sobre o alegado crime de difamação contra Brennand não avançaram, o Ministério Público pediu o arquivamento e a Justiça aceitou.
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