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Doação de sangue também salva a vida de cães e gatos; entenda os benefícios para os animais

Doador passa por avaliação gratuita do quadro de saúde antes da coleta, que pode ser feita a cada três meses

Cães e gatos podem doar sangue e ajudar a salvar outros animais (Reprodução)

A doação de sangue é um ato que pode salvar a vida de muitas pessoas, mas o que muita gente não sabe é que a prática também se aplica aos animais. Cães e gatos podem ser doadores e, no processo para análise do material, eles ainda recebem uma avaliação sobre seu estado de saúde.

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No Brasil ainda não existem bancos de sangue públicos para animais, mas o procedimento é realizado por algumas clínicas e hospitais (veja locais no fim do texto).

“Infelizmente esse é um tipo de serviço que ainda não está disponível nos hospitais veterinários públicos, mas muitas clínicas realizam a coleta da doação gratuitamente. Essa é uma questão muito importante, pois existem cada vez mais doenças que levam os bichinhos a precisarem de uma transfusão, como câncer, doenças renais crônicas, até mesmo doenças transmitidas por carrapatos. Então é um assunto que precisa de atenção”, explicou ao Metro World News a diretora do Hemovet/Pet Care, Simone Gonçalves.

Segundo ela, o número de doações ainda é muito baixo, ainda assim, mais de 15 mil vidas de animais já foram salvas no Hemovet graças ao sangue doado por animais. “Já trabalhamos nessa área há 16 anos e tudo começou no meu doutorado na USP [Universidade de São Paulo], quando montamos o primeiro banco de sangue para cães. Era algo que não existia na época, mas que tinha uma demanda latente”, lembra.

Simone explica que tanto cães quanto gatos podem ser doadores e que o procedimento, assim como para humanos, é totalmente seguro. O ideal é que o animal fique em jejum de 4 horas antes da coleta, para evitar o acúmulo de gordura no sangue e isso comprometa o processamento de alguns componentes como o concentrado de plaquetas.

“O procedimento deve ser previamente agendado para que o veterinário possa dar a devida atenção ao animal, pois ele faz uma avaliação física, seguido de um hemograma. Essa triagem permite saber se o animal tem alguma doença infecciosa, se tem algum problema nos rins. Muitas vezes o dono não fazia ideia de que o bichinho estava doente e descobrimos bem em estágio inicial. Caso dê algum problema, avisamos os donos e ele já pode iniciar os cuidados com seu pet. Estando tudo certo, prosseguimos com a doação”, explicou.

Sangue doado por animais é armazenado em bolsas, assim como acontece com humanos (Reprodução/Hemovet)

A veterinária explica que os animais podem fazer doações a cada três meses, sendo que em todas as vezes passam pela avaliação gratuita. O sangue coletado passa por um rigoroso controle de qualidade, tanto no processamento quanto no armazenamento.

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“Assim como no caso de humanos, fazemos o fracionamento do sangue total canino em quatro componentes, sendo o concentrado de hemácias, plasma fresco congelado, concentrado de plaquetas e crioprecipitado, ou seja, quatro bichinhos podem ser beneficiados ao invés de apenas um. No caso dos gatos, sangue é armazenado sob a forma de sangue total, concentrado de hemácias e plasma”, explicou ela.

Ainda segundo Simone, os animais também possuem tipos sanguíneos diferentes. No caso dos cães, são até 13 tipos, sendo que os gatos apresentam até três. “Mas as regras para doação para todos são as mesmas, apenas temos alguns cuidados que devem ser seguidas tanto para cães quanto para gatos, para garantir o bem-estar do animal que está fazendo a doação”, ressalta.

Regras para cães

Segundo o Hemovet/Pet Care, os critérios para que um cão seja doador são os seguintes:

  • Idade entre 1 e 8 anos;
  • Peso mínimo de 27kg;
  • Temperamento dócil;
  • Vacinação e Vermifugação atualizadas;
  • Controle de pulgas e carrapatos;
  • Não apresentar doença ou transfusão prévia.

O exame físico realizado gratuitamente antes da doação inclui:

  • Hemograma completo: detecção de anemias e infecções assintomáticas;
  • Função renal: ureia e creatinina para verificar o funcionamento dos rins;
  • Leshmaniose (IFI): doença infecciosa transmitida por mosquito (gênero Lutzomyia). O cão assintomático pode transmitir a doença para outros animais;
  • Dirofilariose: verme que se instala no coração do cão causando doença grave;
  • Ehrlichia canis: doença transmitida pelo carrapato em que o cão pode permanecer sem sintomas por até 5 anos;
  • Lyme: doença transmitida pelo carrapato caracterizada por inflamações das articulações e febre;
  • Brucelose: enfermidade transmitida principalmente pelo acasalamento. O cão pode ser assintomático ou apresentar abortos, febre e inflamações dos testículos e discos da coluna vertebral.

Regras para gatos

Já no caso dos gatos, Simone explica que existe uma sala especial para acalmar os animais. “Algumas vezes é recomendado a aplicação de um sedativo leve, mas sem nenhum risco para o gato. É mais para que ele não sinta nenhum desconforto durante a coleta”, explica.

Regras para os doadores:

  • Temperamento dócil;
  • Peso mínimo de 4kg;
  • Idade entre 1 e 7 anos;
  • Vacinação e Vermifugação atualizadas;
  • Controle de pulgas e carrapatos;
  • Não apresentar doença ou transfusão prévia.

O exame físico realizado gratuitamente antes da doação inclui:

  • Hemograma completo: detecção de anemias e infecções assintomáticas;
  • Função renal: ureia e creatinina para verificar o funcionamento dos rins;
  • Sorologia para FIV (imunodeficiência viral felina): doença viral altamente contagiosa que pode desencadear tumores e baixa imunidade;
  • Sorologia para FELV (Leucemia viral felina): doença viral altamente contagiosa que pode levar a desenvolver tumores e baixa imunidade;
  • PCR Micoplasmose: doença que pode levar a anemia intensa;
  • Tipagem sanguínea: avalia o tipo sanguíneo.

E quando o animal precisa do sangue?

Como não existem bancos de sangue gratuitos para animais no Brasil, quando um animal precisa de uma transfusão de sangue, por exemplo, ele precisa recorrer aos bancos particulares. Simone explica que existe um custo cobrado pela bolsa, que gira em torno de R$ 400 a R$ 450.

“Esses valores são cobrados em função da bolsa onde o sangue é armazenado, que tem um custo alto, além do trabalho do veterinário, da equipe que faz a análise e fracionamento do sangue. Infelizmente não há subsídios públicos nessa área para que o sangue seja repassado sem nenhum custo, então, quando um animal precisa receber o material, o dono tem que arcar com esses valores”, explicou.

Hemovet/Pet Care tem campanha de doação de sangue para animais em novembro, em SP (Divulgação/Hemovet/Pet Care)

Campanha de doação

No dia 25 de novembro é comemorado o Dia Nacional do Doador de Sangue e os veterinários também celebram a data para os animais. Para incentivar a prática, o Hemovet/Pet Care terá uma campanha especial de doação em três datas em São Paulo. Para participar, o dono deve agendar o atendimento pelo telefone (11) 94101-0725.

Confira as datas e locais:

  • 6/11 - Hemovet - Rua Pinheiro Guimarães, número 86, Vila Prudente, em São Paulo
  • 13/11 - Pet Care Pacaembu - Avenida Pacaembu, número 1839, no Pacaembu
  • 27/11 - Pet Care Ibirapuera - Avenida República do Líbano, número 270, no Ibirapuera

Confira outros locais onde é possível fazer a doação de sangue do seu pet

  • Hospital Veterinário da Universitário Anhembi Morumbi - Rua Conselheiro Lafaiete, número 64 – Brás - Telefone: (11) 2790-4693
  • HOVET – Hospital Veterinário da USP - Av. Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva, 87 – Cidade Universitária - Telefones: (11) 3091-1248 / (11) 3091-1364
  • Banco de Sangue Veterinário - Desembargador do Vale, 196 – Perdizes - Telefone: (11) 3476-9461

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