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Vacinas entram na fase 4, que vai definir se dose será anual

Próximo passo. Com a proteção avançando, desafio agora é verificar por quanto tempo os imunizantes contra a covid-19 protegem o organismo

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O caminho das vacinas contra a covid-19 até aqui foi longo. Fase de testes 1, fase 2, fase 3, comprovação da eficácia, início da vacinação e, enfim, avanço das campanhas pelo Brasil. Com o processo de imunização se acelerando a cada dia que passa, a próxima etapa já está no radar dos fabricantes e pesquisadores: verificar por quanto tempo o organismo fica protegido após as duas doses da vacina.

Essa é a chamada fase 4 dos estudos de um imunizante, segundo a diretora da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) Mônica Levi.

Muitos se perguntam se a população deverá se vacinar contra a covid-19 todos os anos, assim como é feito com a campanha da gripe. E é justamente o monitoramento do efeito das vacinas que nos trará essa resposta importante para vivermos em um mundo sem pandemia.

“Essa é a fase que estamos, a de farmacovigilância. Ela vai determinar a duração da proteção da vacina no organismo, verificar se há queda nos níveis de proteção conforme o passar do tempo ou se as variantes começam a ‘driblar’ os anticorpos. Depois de analisar tudo isso, podemos ver se será necessária uma dose anual ou não”, explicou Mônica.

De acordo com a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), a fase 4 dos estudos clínicos é a “pós-comercialização, em que é analisado o que ocorre já com a vacina disponível para as pessoas”.

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Mônica também explica o porquê da campanha anual de vacinação contra a gripe. “Normalmente, a mutação do vírus da gripe tem características totalmente diferentes. Então é produzida uma vacina diferente em cada ano. Já o contrário acontece com o sarampo. As cepas não são tão diferentes. São pequenas mutações que não conferem diferença imunológica.”

Sobre as variantes de corovanvírus que surgiram até o momento, “nenhuma foi estrondosamente assustadora”, diz Mônica. As vacinas de Oxford/AstraZeneca e da Pfizer, duas utilizadas atualmente no Brasil, já tiveram eficácia comprovada contra as cepas. Já a CoronaVac, do Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, ainda não tem estudos finalizados sobre o combate às mutações.

Estudos internacionais

A vacina fabricada pela Moderna, que ainda não está disponível no país, conseguiu manter 94% de eficácia contra o coronavírus depois de seis meses da segunda dose, mostrou estudo divulgado este ano. Os cientistas continuam monitorando o público vacinado.

Outra pesquisa, esta mais animadora para o Brasil, indicou que a dose da Pfizer também protege por pelo menos seis meses após a segunda aplicação.

ButanVac

Já pensando nas diversas variantes do coronavírus, o Instituto Butantan vai iniciar os testes em humanos da ButanVac com três versões diferentes do imunizante. O objetivo é colocar à disposição da população uma vacina mais “completa” para não ser necessário dose de reforço.

A ButanVac será o primeiro imunizante completamente nacional. A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) liberou os estudos clínicos neste mês. A primeira fase será realizada no Hospital das Clínicas da USP (Universidade de São Paulo) e na unidade da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.

Autoridades já avaliam vacinação todos os anos

Durante seu depoimento à CPI da Covid-19 no mês passado, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, avaliou que é bem provável uma campanha anual de vacinação contra o coronavírus.

“Na minha percepção, como cientista, como médico, tudo indica que haverá necessidade de doses anuais, de reforço, como é a da vacina da gripe, dado que essa infecção tem a possibilidade de se tornar endêmica. Tudo indica que isso vai acontecer”, disse.

Em entrevista à Folha de S.Paulo na semana passada, o diretor-geral do Hospital Sírio-Libanês, Fernando Ganem, teve a mesma percepção de Dimas Covas. “Ano que vem vamos ter que começar a vacinar todo mundo de novo. Vai funcionar como funciona na gripe. Novas adaptações da vacina”, disse o médico.

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