As periferias de São Paulo concentram o acesso à internet realizado com conexão de baixa velocidade (56%) e com uso exclusivo de celulares (67%). É entre a população mais vulnerável que está também a maior porcentagem de pessoas que nunca navegaram pela rede: 25%. O retrato sobre o uso da internet que mostra mais uma vez as profundas desigualdades no estado de São Paulo foi traçado em parceria entre a Fundação Seade, agência de estatísticas do governo estadual, e o Cetic.br (Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação), responsável pelo monitoramento de tecnologias de informação no país.
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Os dados foram coletados em 2019 em entrevistas domiciliares, mas ajudam a entender melhor o grau de dificuldade que as famílias têm enfrentado com o ensino a distância durante a pandemia.
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O estudo aponta para a existência de 7,5 milhões de pessoas com mais de 10 anos que nunca acessaram a internet, o equivalente a 23% dos paulistas. Os pesquisadores realizaram recortes entre a população de alta vulnerabilidade (aquela que vive em situações mais precárias) e de baixa (com moradores de melhor condição social), de acordo com indicadores da Fundação Seade.
Quando a pergunta é sobre a forma que navega a rede, a média no estado é de 53% utilizando apenas celular. No perfil de alta vulnerabilidade, a taxa alcança 67% e na baixa, 45%.
Enquanto entre os mais pobres 25% nunca acessaram a rede, para os mais ricos o índice é de 22%.
“Este cenário com acesso precário nas periferias vai contribuir para aumentar a desigualdade social, levando oportunidades distintas para as famílias. Aquelas que já sofrem com carência de direitos terá a condição ampliada quando comparada às outras famílias com banda larga”, analisa a chefe de divisão de estudos da Fundação Seade, Lilia Belluzzo.
Para a pesquisadora, a situação dos jovens que necessitam da rede para assistir aulas na pandemia é preocupante. “Estudar nestas condições, dentro de tudo que a pandemia trouxe, como dificuldade para essas famílias manter trabalho e ter ganho, já é difícil. A situação é ainda mais agravada por acesso à internet via celular, com tela pequena e conexão frágil. Como baixa documento, relatório, livro, faz trabalho, assiste aula?”
Lilia diz acreditar que o poder público deve liderar mudanças no setor das telecomunicações para melhorar o acesso nas periferias.
“Não é um caminho simples, que dependa só dos governos, mas eles podem propiciar apoio para a mudança.”