A Comissão Nacional de Autoridades Aeroportuárias (Conaero) propõe ao Governo Federal reavaliar a restrição da entrada de estrangeiros por transporte aéreo. A portaria que garante o fechamento das fronteiras – seja por via terrestre, aérea ou aquaviária – vence na próxima segunda-feira, (22).
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A resolução, publicada no Diário Oficial da União desta sexta-feira, 19, recomenda à Anvisa que considere a necessidade de uma regulamentação específica ao setor.
A Conaero cita a perspectiva de retomada gradual das operações no mundo e a tendência natural de concentração das atividades por causa da quantidade reduzida de aeroportos e profissionais.
Nesta sexta-feira, 19, o Brasil completa três meses com fronteiras terrestres fechadas para países vizinhos da América do Sul. A decisão foi expandida em 27 de março a todos os estrangeiros do mundo e pode ser renovada, já que vence segunda-feira, 22.
Ponte da Amizade
Enquanto seguem as restrições, a Ponte da Amizade, na divisa entre Brasil e Paraguai, continua fechada. Há três meses e sem previsão de reabertura.
Cenário que causa uma dificuldade imensa para o Alex Fleitas, comerciante paraguaio que mora em Ciudad del Este, a última cidade antes de Foz do Iguaçu, no Paraná. Ele fala que perdeu mais de 60% do lucro mensal por causa da falta de brasileiros no movimento local.
«Caiu demais, cara. Caiu muito! Muito desemprego. A fronteira depende exclusivamente dos brasileiros. Tem paraguaio consumista aqui também, mas é muito pouco. 80% dependem muito da fronteira”, disse o comerciante.
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A Câmara do Comércio de Ciudad Del Este calcula que a cidade tenha perdido 400 milhões de dólares por mês em vendas, ou seja, mais de um bilhão de dólares até agora. Além disso, o órgão contabiliza cerca de 30 mil funcionários suspensos ou despedidos nos arredores da Ponte da Amizade.
Em entrevista à Rádio Bandeirantes, o secretário-geral da Câmara paraguaia, Said Taigen, analisa o que precisa ser feito para retomada do fluxo na região, mas adianta que o prejuízo é irreparável em 2020.
«Depende do Ministério de Saúde do Paraguai e também da abertura do lado brasileiro. No Brasil, a situação está meio difícil. Acho que daqui até o fim de julho pode ser que haja uma abertura inteligente, bem devagar. Mas está calculado que todo esse ano já foi perdido», afirma Said Taigen.
Paraguaios se preocupam com a epidemia no Brasil
Na última semana, em Foz do Iguaçu, somente a cidade paranaense teve 13 casos confirmados a mais do que em todo o Paraguai.
Enquanto o país vizinho entra na terceira fase de flexibilização, com aumento de apenas 8% nos casos em sete dias, Foz endurece as medidas restritivas vendo um crescimento de 48% no número de casos.
Resposta do Itamaraty
Em nota à reportagem, o Ministério das Relações Exteriores informa que «os governos têm mantido, no mais alto nível, estreita coordenação sobre o tema e acordaram reabrir a fronteira em data de comum acordo, tão logo permitam as condições sanitárias.»