A marca Bombril é alvo de críticas nas redes sociais nesta quarta-feira (17) por causa de um produto de sua linha cujo nome remete a um termo racista. O item em questão é a esponja de aço inox “Krespinha” que, segundo a empresa, teria uso para “limpeza pesada”.
ANÚNCIO
O produto estava disponível no site da Bombril, mas foi removido durante a manhã. Publicações nas redes sociais anunciando a esponja também foram apagadas.
No Twitter, usuários apontaram que o termo “krespinha” é racista ao fazer uma associação pejorativa com o cabelo de parte do público negro. A hashtag #BombrilRacista figurou entre os assuntos mais compartilhados durante a manhã.
Recomendados
Cão Joca: morte de cachorro após erro em voo levanta discussão sobre o transporte de animais
Finalmente! Após uma longa espera, estas quatro séries da Netflix vão estrear novas temporadas
PM vira réu por morte de idosa com tiro de fuzil no Morro do Turano (RJ)
Uma propaganda de uma esponja com o mesmo nome lançada em 1952 pela S.A. Barros Loureiro também foi resgatada como comparação ao novo produto. Na época, o anúncio associava o item a uma ilustração de uma menina negra.
Outros apontaram ainda que a troca da letra “C” pela “K” poderia ser encarada como uma referência à Ku Klux Klan, organização supremacista de extrema direita que prega o racismo.
Bombril se manifesta
Em comunicado no Twitter, a Bombril afirmou que vai retirar o produto do mercado a partir desta quarta. A empresa explicou que, ao contrário do que afirmaram os críticos, a esponja de inox já estava em seu portfólio com esse nome há quase 70 anos «sem nenhuma publicidade nos últimos anos». No entanto, a fabricante admite sua responsabilidade. «Mesmo sem intenção em ferir ou atingir qualur pessoa, pedimos sinceras desculpas a toda a sociedade».
Leia comunicado na íntegra abaixo:
Comunicado: pic.twitter.com/K4fXGOSTUr
— Bombril (@BombrilOficial) June 17, 2020
Confira as reações na intertnet:
e se eu falar que @BombrilOficial fez uma marca de esponja de aço chamada “Krespinha” cês vão ficar como?
— Jesus (@YuriMarcal) June 17, 2020
O @YuriMarcal postou q a Bombril fez uma esponja de aço chamada KRESPINHA. Eu pensei: porra em 2020 não vão usar esse termo, fui pesquisar: USARAM.
— Tati Nefertari (@TatiNefertari) June 17, 2020
Pesquisei e já existiu uma propaganda em 1952 e q usava uma criança negra com cabelos crespos pra divulgar.
É tão racista. pic.twitter.com/L7WXdLG9IF
Cabelos crespos não são esponjas de aço, isso é um estereótipo racista. A gente tá em 2020, já falamos VARIAS E VARIAS vezes sobre cabelos crespos.
— Tati Nefertari (@TatiNefertari) June 17, 2020
Não é possível q as marcas ainda vão continuar batendo na mesma tecla.
A “krespinha” não é um produto novo no mercado. Em 1952, uma esponja de nome idêntico era vendida no país e usava o desenho de uma menina negra em seus anúncios. Alheia aos crescentes debates sobre racismo, a @BombrilOficial resolveu relançar o produto, mantendo o nome original. pic.twitter.com/MqJ1b4lEDu
— yasmin santos (@yasminsmp) June 17, 2020
eu acordo e a @BombrilOficial, começou a vender uma esponja de aço com o nome KRESPINHA massificando novamente a ideia de que cabelos crespos servem para limpar, coisa que a gente cresceu ouvindo e que sempre doeu demais.
— NAROSA | 📖 : o imenso azul entre nós (@falaanarosa) June 17, 2020
era racista em 1952, continua sendo em 2020. pic.twitter.com/O5DcOhbATB
Krespinha, a esponja de aço da Bombril, perpetua estereótipos racistas e imagens de controle que associam o corpo de mulheres negras ao trabalho doméstico pesado. O nome e o mkt é baseado em racismo. Fere historicamente a subjetividade de mulheres negras e segue firme no mercado.
— Winnie é meu nome. gosto de livros e de café. (@winniebueno) June 17, 2020
Demorei uma vida inteira para ter uma relação de amor e respeito com o meu cabelo. Cresci ouvindo que ele era ruim, que era igual Bombril, mas felizmente hoje me aceito por completo e tenho certeza de que a única coisa ruim nessa história toda é o preconceito! #bombrilracista pic.twitter.com/BHFOvlBQ3G
— Juh Sarah (@JuhSarah) June 17, 2020
A “krespinha” de 1952 não era fabricada pela Bombril.
— Marina Amaral (@marinamaral2) June 17, 2020
Mas sabemos muito bem que associações racistas entre o cabelo crespo e os produtos da marca são recorrentes, e alguém resolver transformar tudo isso em campanha de marketing é, no mínimo, uma falta de bom senso gigantesca.
O ano é 1952, surge uma marca racista que associa cabelo crespo a esponja de aço.
— bianca 🏳️🌈 (@DELLAFANCY) June 17, 2020
.
O ano é 2020, o absurdo se repete.
.
Me pergunto se existe algum preto na equipe de criação, ou só brancos alienados mesmo. #BombrilRacista pic.twitter.com/4RfrkZ2ltY
É preciso ter profissionais pretos nas agências de propaganda e no marketing das empresas para que coisas lamentáveis como essa não aconteçam.
— Ricardo Silvestre (@ricksilvestre_) June 17, 2020
Uma lã de aço chamada “Krespinha” que é ideal para limpeza pesada. pic.twitter.com/7jm4bKtYaO
É por essas e outras que precisamos de PRETOS EM CARGOS DE DECISÃO.
— Raife Sales (@Raife_Sales) June 17, 2020
Pra ideias abjetas como essa da Bombril (@BombrilOficial) morrer na sala de reunião.
*Texto editado às 19h50 desta quarta-feira (17) para acrescentar comunicado da empresa Bombril.