O queniano Kibiwott Kandie passou a ocupar nesta terça-feira um posto de honra na São Silvestre ao lado do compatriota e ídolo Paul Tergat. O atleta de 23 anos venceu uma das corridas mais apertadas de todos os tempos, ao conseguir ultrapassar o ugandense Jacob Kiplimo apenas no último metro, cruzar a linha de chegada com apenas um segundo de vantagem e marcar ainda o melhor tempo da história. Os brasileiros de melhor resultado no masculino e no feminino ficaram em 11º lugar.
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Ao finalizar o percurso de 15 km com o tempo de 42min59 o queniano superou a marca de Tergat. Em 1995, o maior campeão da São Silvestre ganhou a primeira das suas cinco provas com o tempo de 43min12. No entanto, a disputa daquela época se deu em outras condições, principalmente pelo trajeto ser diferente do utilizado atualmente.
Kandie parecia não acreditar na vitória mesmo depois de ter recebido o troféu. O queniano passou a maior parte do percurso bem atrás do líder. Kiplimo chegou a desfrutar de alguns instantes de vibração pois entrou na reta de chegada, na Avenida Paulista, sem ter nenhum adversário por perto. O ugandense já recebia o aplausos do público e administrava o ritmo quando discretamente Kandie apertou a passada e fez a ultrapassagem.
«Eu olhei a linha de chegada, vi que estava próxima e pensei que tinha de ganhar. Eu tinha de dar uma arrancada para conseguir. E eu consegui», disse o queniano. Na aproximação final, Kandie se manteve na mesma linha de corrida do adversário e no momento da ultrapassagem, até se encolheu para evitar o contato. O vencedor da prova assumiu a liderança a poucos centímetros da linha final.
A arrancada final rendeu ao campeão uma premiação dobrada. Em vez de receber os R$ 47 mil pagos ao vice-campeão, o queniano terá R$ 94 mil. «Depois dessa vitória, eu vou treinar bastante para bater recordes na meia maratona e na maratona, de acordo com o planejamento», comentou.
Kandie é um especialista em provas mais longas, de 21 e 42 km, a exemplo do que foi Paul Tergat. O maior vencedor da São Silvestre e ídolo do ganhador da prova de 2019 se aposentou com um currículo de vitórias em maratonas e ainda conquistou duas medalhas de prata olímpicas nos 10 mil metros rasos em 1996 e 2000.
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Depois de ter a vitória na São Silvestre a poucos centímetros de distância, o ugandense Jacob Kiplimo se disse surpreso. «Eu não estava esperando. O meu adversário veio muito rápido, eu não o vi. Não imaginei que ele me passaria e que poderia perder.»
Kiplimo disputou pela primeira vez a São Silvestre e por ter só 19 anos, afirmou que a derrota serve como lição. «Eu aprendi que tenho de correr mais forte para evitar outras ultrapassagens como essa», comentou. O ugandense negou sentir raiva do algoz. «Quando ele me passou, eu fiquei feliz. Somos amigos e temos boa relação», completou. O terceiro lugar ficou com o queniano Titus Ekiru.
A indefinição da prova até o último instante no masculino contrastou com a corrida tranquila entre as mulheres. A queniana Brigid Kosgei, de 25 anos, disparou logo no início e não foi ameaçada.
A atleta era a grande favorita para vencer a São Silvestre após ter conquistado em outubro, em Chicago, o melhor tempo da história das maratonas e conquistar na temporada resultados importantes como vitórias em três outras meia maratonas.
A campeã afirmou que se adaptou bem a São Paulo pelo terreno ser de condições parecidas à do seu local de treinos. «No Quênia nós estamos acostumados a treinar em subidas e descidas. Eu consegui me lembrar bem do treino. Só a umidade alta que dificultou o meu rendimento.»
Brigid contou que por se sentir confiante, não olhou para trás para conferir se poderia perder o primeiro lugar nos metros finais, como aconteceu na prova masculina. «Quando corro, eu evito prestar atenção nos outros atletas», afirmou. Em segundo lugar chegou a queniana Sheila Chelengat e em terceiro a etíope Tisadk Nigus.
Entre os brasileiros, Daniel do Nascimento foi o atleta do País com o melhor resultado, ao chegar em 11º. Já no feminino, Graziele Zarri também ficou na 11ª posição. «Há tempos eu não via uma São Silvestre tão forte. Para mim, é importante estar correndo no meio dessas grandes atletas», disse Graziele. O Brasil não ganha a prova masculina desde 2010 e a feminina desde 2006.