A diretora-presidente da Spcine, a Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo, Laís Bodanzky, publicou no Instagram oficial da empresa uma carta aberta para expor o posicionamento do órgão sobre os recentes movimentos de setores governistas na cultura e, particularmente, no audiovisual do Brasil.
ANÚNCIO
LEIA MAIS:
Artistas e produtores analisam mudanças na Lei Rouanet
CNI/Ibope: Bolsonaro é aprovado por 35% e desaprovado por 27%, diz pesquisa
Recomendados
Vídeo flagra momento em que atual esposa e ex-mulher de senador do PL saem no tapa
Aluna da USP acusada de desviar R$ 1 milhão de formatura vira ré por golpe em lotérica; entenda
Incêndio em pousada deixa ao menos 10 mortos em Porto Alegre; vídeos mostram correria e destruição
Leia a carta na íntegra abaixo:
«Diante do cenário alarmante, a Spcine manifesta seu repúdio ao que considera o desmonte da política audiovisual brasileira. Os acontecimentos recentes – pedido do Tribunal de Contas da União para suspender novos contratos da ANCINE e paralisação nos repasses da agência – põem em risco um setor responsável por alavancar anualmente mais de R$ 20 bilhões no PIB do país e empregar mais de 330 mil trabalhadores.
Em São Paulo, região de atuação direta da Spcine, nos últimos três anos foram 57,2 mil postos de trabalho gerados e mais de R$ 1,1 bilhão movimentados pelas produções que passaram pela cidade.
Como empresa ligada ao poder público, a Spcine compreende e reitera a importância da transparência na gestão de recursos públicas. No entanto, reforça a necessidade de um ecossistema inteligente, onde os órgãos de controle entendam e contemplem as particularidades da economia do audiovisual.
A Spcine ressalta também que a formulação de políticas públicas exige a participação de entidades de classe e sociedade civil. Só assim é possível criar estratégias eficazes e potentes para a economia brasileira.
As recentes notícias, somadas à retirada do patrocínio de empresas públicas de ações de Cultura, acendem uma luz vermelha para o audiovisual brasileiro, botando em risco as conquistas de um setor que se manteve em franco crescimento mesmo com a crise em outros segmentos da economia.
Prova da relevância do conteúdo nacional é a participação nos principais eventos de audiovisual do mundo. Ao longo dos últimos anos, o cinema brasileiro marcou presença em festivais e premiações como o Oscar, Sundance (EUA) e Berlim (Alemanha), só para citar alguns.
E, mesmo em meio à grave situação, o Brasil, estará na edição deste ano do Festival de Cannes (França), com participação em SETE longas-metragens, incluindo a disputa pela Palma de Ouro, maior honraria do cinema mundial, e exibições nas mostras Um Certo Olhar, Quinzena dos Realizadores e L’ACID.
Em defesa do cinema nacional, a SPcine está articulada com as entidades de classe para entender e propor saídas para este momento delicado do audiovisual brasileiro.
A empresa espera que medidas urgentes sejam tomadas para que a paralisação tenha fim e as atividades do setor possam ser normalizadas.
Atenciosamente,
Laís Bodanzky,
Diretora-presidente»