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Beto Richa é preso pela terceira vez; ele teria tentado obstruir investigações

Pedro Ladeira/Folhapress
Beto Richa foi preso na manhã de ontem, em sua cobertura no bairro Mossunguê, em Curitiba

O ex-governador do Paraná Beto Richa foi preso ontem pela terceira vez, agora dentro da operação Quadro Negro, do MP-PR (Ministério Público do Paraná), que investiga supostos desvios de até R$ 22 milhões em contratos para a construção e reforma de escolas estaduais. Também foram presos o ex-secretário de Cerimonial e Relações Internacionais Ezequias Moreira e o empresário Jorge Theodócio Atherino.

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As prisões foram decretadas pelo juiz da 9ª Vara Criminal de Curitiba, Fernando Silva Fischer. Foram cumpridos cinco mandados de busca e apreensão, nos endereços dos suspeitos e em imóveis em Matinhos, no litoral do Paraná, e Porto Belo (SC). Os três suspeitos foram encaminhados para o CMP (Complexo Médico-Penal), em Pinhais. As prisões são preventivas, por tempo indeterminado.

Segundo Leonir Batisti, coordenador do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado), do MP-PR, Richa fez pagamentos para Maurício Fanini, ex-diretor da Secretaria da Educação, para que ele não revelasse o esquema. Em novembro, Fanini assinou um acordo de delação premiada.

Em seu depoimento, Fanini apresentou a foto de uma festa em um hotel em Miami, nos Estados Unidos, em que Richa e empresários supostamente ligados ao esquema aparecem em uma piscina.

“Houve nesse período [ entre 2016 e 2017] uma combinação e uma obstrução à Justiça, notadamente dirigida contra a pessoa do Maurício Fanini”, disse Leonir Batisti. “Houve o envio de uma pessoa e o encontro dele [Richa] com o Fanini”. Segundo Batisti, objetos de valor, como relógios e canetas, foram apreendidos na casa de Richa.

O procurador disse que o esquema prejudicou cerca de 20 mil crianças, que ficaram sem novas escolas, e que o paradeiro do dinheiro desviado é desconhecido. De acordo com o MP-PR, Moreira e Atherino teriam participado da arredacação das propinas.

A Quadro Negro começou em 2015. Em 2017, Richa foi denunciado à Justiça por improbidade administrativa. Na semana passada, o MP-PR ofereceu duas novas denúncias, contra um total de oito pessoas. Uma delas é por organização criminosa, corrupção, fraude a licitação e lavagem de dinheiro, e a outra por obstrução à justiça. Richa foi denunciado nas duas.

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Prisão não tem fundamento, diz defesa

Em nota, a defesa de Beto Richa afirmou que a prisão “não tem fundamento”. “Tratam-se de fatos antigos sobre os quais todos os esclarecimentos necessários já foram feitos”, disse o advogado Guilherme Brenner Lucchesi. Segundo ele, o esquema foi denunciado por Richa. “Todas as medidas cabíveis contra os autores dos crimes foram tomadas”, disse. “A defesa repudia o processo de perseguição ao ex-governador e a seus familiares”.

O advogado de Jorge Atherino, Carlos Farracha, disse não ver motivos para a prisão. “A gente acredita nas instituições, mas na ótica da defesa não há elementos para a prisão. A Constituição prevê que se responda em liberdade”. O advogado de Ezequias Moreira, Daniel Laufer, não foi localizado ontem. Ao portal G1, ele afirmou que se manifestará nos autos.

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