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Fome no mundo diminui, mas ainda há desafios a serem enfrentados

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Thomas Malthus (1766-1834) errou feio. Em 1798, o economista britânico antecipou um futuro em que haveria tanta gente no mundo que a capacidade humana de produzir alimentos seria insuficiente para nutrir a todos. Não foi o que aconteceu.

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Passados 200 e poucos anos desde a previsão catastrófica de Malthus, a população da Terra saltou de cerca de 900 milhões, na época em que o britânico fez sua previsão, para 7,4 bilhões nesta segunda década do século 21. No mesmo período, contudo, fome e subnutrição se reduziram drasticamente.

O site “Our World in Data” aponta que em 1947 (apenas 71 anos atrás), 50% da população mundial ainda era subnutrida, ou seja, havia passado um ano ou mais com alimentação insuficiente. Transcorridas sete décadas, essa taxa caiu a 10,9% em 2017, mostra a FAO (agência das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).

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Onde, então, Malthus errou? O economista britânico não foi capaz de prever os avanços científicos e tecnológicos que conduziriam à expansão da produção de alimentos, de amplas variedades, mais resistentes a ameaças naturais (clima, pragas etc.) e de ótima qualidade para o consumo, além de sua distribuição a todos os quadrantes do planeta.

O historiador sueco Johan Norberg mostra que entre 1961 e 2009, a área de terras usadas no cultivo de alimentos aumentou 12%, enquanto a quantidade de alimentos obtida nessas terras avançou cerca de 300% no período.

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Ainda há fome no mundo, inclusive entre pobres de países desenvolvidos, como Estados Unidos e Japão. Mas, hoje, seis em cada dez pessoas com fome vivem em regiões que passam por alguma forma de conflito, e as demais, em outras que sofrem secas, inundações ou impactos climáticos diversos.

Desperdício

Ainda que a produção de alimentos não seja mais o principal problema, a erradicação completa da fome enfrenta obstáculos, entre os quais o desperdício é um dos mais severos. Cerca de 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são perdidos e desperdiçados por ano no mundo, o equivalente a 24% de tudo o que é produzido para o consumo humano. As perdas são maiores nos países mais pobres, superior a um bilhão de toneladas, ou quase 12% de tudo o que é produzido na África.

“O problema do desperdício requer mudanças na forma como valorizamos e consumimos os alimentos. Nossos padrões de consumo atuais não são sustentáveis. Os desperdícios de alimentos estão efetivamente ligados à demanda do consumidor, que evolui constantemente e é influenciado por muitos fatores culturais e sociais que nem sempre seguem racionalidade econômica ou ecológica”, diz o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva.

“Sendo assim, a consciência do consumidor é um passo fundamental para melhorar nossas habilidades em planejamento alimentar, compra e consumo. Levar essas questões para as escolas e criar políticas públicas são importantes pontos de partida”, afirma ele.

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