Santo André tem apenas um veículo em sua frota de 379 ônibus municipais que funciona com combustível considerado limpo. O restante ainda é movido a diesel, apontado como o vilão da poluição na atmosfera.
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Pesquisa de professores da USP publicada na revista científica “Nature” no mês passado indica que ônibus e caminhões movidos a diesel são 5% da frota, mas respondem por 47% da fuligem causada pelo trânsito na cidade de São Paulo.
Para a presidente do Instituto Saúde e Sustentabilidade, Evangelina Vormittag, a situação não é diferente na região. “Material particulado tem ação nociva na saúde. O monitoramento realizado pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) nas cidades do ABC mostra ultrapassagens deste material na atmosfera em relação ao considerado seguro pelas organizações de saúde.”
A entidade ambiental comandada por Angelina faz parte do grupo que procurou o Ministério Público para pedir que a nova licitação de ônibus da Vila Luzita exija metas de redução do uso de diesel. Cidade dos Sonhos, Greenpeace, Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor e a Rede Nossa São Paulo também fazem parte. A frente é a mesma que questionou a licitação de ônibus na capital em 2017.
As indicações sobre Santo André levaram o promotor de Justiça Marcelo Nunes, que atua na área do Patrimônio e Saúde Pública da cidade, a pedir o ajuste da licitação. O processo foi suspenso pela prefeitura no fim do mês passado e ainda não tem prazo para ser republicado.
A nova empresa contratada será responsável por gerir as linhas da região da Vila Luzita, que desde o abandono dos antigos operadores, em 2016, são geridas por contratos emergenciais com a Suzantur. A vencedora responderá por 16 linhas atendidas por 75 veículos.
Evangelina acredita que o modelo de Santo André deva se basear no que foi adotado em São Paulo, com substituição gradual do diesel na frota em até 20 anos.
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“Os ônibus hoje têm capacidade de usar biodiesel misturado com diesel. O biodiesel 100% não tem como. Mas há como substituir, misturar com o etanol, ou adotar modelos híbridos. Não existe como diminuir o diesel todo de uma vez, mas é importante que se tenha metas”, diz a ambientalista.
O único veículo da frota de Santo André com combustível limpo é um modelo híbrido, que utiliza diesel e energia elétrica.
A prefeitura diz que as novas medidas ambientais da licitação estão em estudo e serão apresentadas ao Ministério Público antes da republicação.
‘Substituir diesel é questão de saúde’
Ambientalista Evangelina Vormittag fala sobre o combustível
Qual a importância de substituir o diesel?
Pesquisas mostram que, se 100% dos ônibus trocarem o diesel até 2020, 13 mil vidas serão salvas. É uma questão de saúde pública. Em São Paulo, estima-se que 4 mil pessoas morram por ano por conta da poluição dos ônibus e R$ 54 bilhões sejam gastos com saúde em decorrência disso. O combustível é responsável por partículas que chegam ao pulmão, passam para a circulação sanguínea e causam problemas como câncer de pulmão e acidentes vasculares. Os ônibus circulam muito, por isso a importância de medidas para eles.
Como é possível substituir o combustível?
Os ônibus hoje têm capacidade de usar biodiesel misturado com diesel. O biodiesel 100% não tem como. Existe a opção dos elétricos também e a gás. Mas não há como diminuir tudo de uma vez. Existe um filtro que pode ser colocado no escapamento, mas é uma tecnologia atrasada. Os ônibus mais modernos têm o acessório.