Quais são os principais desafios da PM no ABC atualmente?
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O desafio da Polícia Militar sempre é prestar o melhor serviço. Claro que algumas coisas incomodam mais a comunidade. Temos hoje algumas frentes e precisamos atentar quanto a isso. A questão do roubo, roubo de veículos, furto de veículos. Mas não é só essa área criminal, também temos que fazer atuação grande contra perturbação de sossego, que é uma das reclamações da região. Temos que fazer frente a isso para minimizar esses problemas. Isso não significa que não estava sendo feito. Deixo bem claro que sou da região e participava das reuniões e planejamentos, estou a par disso. Já é realizado e temos que cada vez mais que implementar essas ações.
Quais são as estratégias contra os pancadões?
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A gente tem que entender isso como uma reunião de jovens. Não é que somos contra, é que gera um problema para a comunidade, as pessoas precisam entender isso. Temos que fazer duas frentes. Uma é o poder público procurar resolver essa questão, no sentido de dar diversão para esses jovens. A outra coisa é que os pancadões trazem o problema do uso de drogas, de bebida alcoólica por menores, uso de veículos ou motos frutos de ilícitos. Tem a questão também do sossego. As pessoas têm que entender que a liberdade tem um limite, meu direito vai até onde começa o seu. Não posso parar um carro na via e ligar o som no último volume só porque estou no meu direito. Não, a pessoa que está em casa tem o direito ao descanso e usufruir do bem que ela tem. Muitas vezes isso causa um confronto, e é aí que nós entramos.
Há mapeamento dos principais pontos onde ocorrem os pancadões?
Existem alguns pontos, mas toda vez que fazemos ações eles migram, vão procurar espaço onde a polícia não está. O nosso objetivo sempre é monitorar, com ajuda das reclamações da comunidade, por meio de informações e dos nossos sistemas de inteligência. Temos policiais que vão a campo fazer esse levantamento, a gente identifica esses pontos e fazemos ações para que isso seja evitado. Uma das estratégias é ocupar antes (o espaço). A gente monitora e, a partir do momento que identificamos que haverá ali um possível pancadão, atuamos nesse sentido de ocupar o local antes. Naqueles já instalados, temos que usar os meios necessários para inibir a continuidade do pancadão.
Como trabalhar para reduzir o número de roubo e furto de veículo em uma região com muitos carros como a do ABC?
Temos que entender que é necessário analisar vários fatores. Se fala que os números estão mais altos, não podemos esquecer que a frota e a população aumentaram e, mesmo assim, mantemos (esses crimes) em um nível controlado. Claro que isso incomoda, mas temos que entender que a Polícia Militar e a Polícia Civil, que tem nos apoiado nessas ações, têm mantido controle muito grande desses casos. Mas o que fazer então? Temos que enfrentar quem está recebendo esse veículo. Para onde estes veículos estão indo? Hoje, há quadrilhas especializadas em clonagens de veículos e desmanche. Precisamos fazer frente a isso, tirar o receptador. Mas a sociedade também precisa ter essa visão. Quando vou num local comprar uma peça irregular – e não é todo desmanche que é ilegal -, estou alimentando o crime. Ao mesmo tempo que a pessoa reclama que há roubos, está alimentando o crime. É a mesma coisa em relação ao celular roubado. A pessoa não pode comprar um celular que vale R$ 3 mil por R$ 300 e achar que isso é lícito. Como cidadão, temos que cumprir as normas.
Hoje quais são as principais operações contra roubo de carros?
Fazemos as operações de bloqueio, temos a chamada Operação Saturação e Força Metropolitana Integrada, quando chamamos outros órgãos que atuam na segurança, como GCM (Guarda Civil Municipal) e Polícia Civil.
Roubo de celular está espalhado tanto no centro quanto na periferia. Como fazer para inibir isso?
O ladrão se aproveita da oportunidade. Hoje, praticamente todo cidadão tem um celular, alguns têm até dois. E o celular é caro e um produto pequeno. Então, quando o ladrão pega um celular, a dificuldade de nós localizarmos o aparelho é grande, porque ele repassa. Claro que com trabalho de investigação pode-se chegar ao ladrão, mas é difícil. Hoje, a Polícia Militar trabalha com o terminal móvel de dados e quando se faz uma abordagem, que é uma forma de se combater o crime, sempre pegamos o Imei (número de registro do aparelho que vem junto com a nota fiscal de compra). Por isso, é muito importante orientar o cidadão que tenha isso anotado com ele ou em casa para que, quando tiver esse produto, identificar o Imei numa consulta da polícia. A gente vai fazer abordagem em um indivíduo com atitude suspeita e, se o Imei tiver registrado em um BO, teremos o registro desse celular como sendo de produto ilícito. Daí, vamos conduzir o indivíduo para a delegacia. Pode ser ele o ladrão, daí chamamos a vítima para identificar. Ou poderá responder por receptação de produto ilícito. Por isso, há uma orientação à comunidade: se você comprar um celular fruto de roubo ou furto, poderá responder por receptação.
Então hoje a orientação à população é sempre ter o Imei em mãos?
Isso. Ajuda até na hora de, possivelmente, fazer um boletim de ocorrência. Facilita nosso trabalho.
Se em uma abordagem a pessoa não tem o Imei em mãos, mas fala que tem em casa. Como vai funcionar?
Se houver suspeita de que se trata de um produto ilícito, a pessoa tem que comprovar que aquele produto é dela. Senão, a conduzimos ao DP. Daí, ela vai ter que buscar o Imei por meio de alguém. Não dá para a pessoa suspeita em uma abordagem dizer que mora, por exemplo, em São Paulo. Não vou deslocar uma viatura até lá. Ele tem que produzir provas de que o aparelho é mesmo dele ou será apresentado no DP para apresentar suas justificativas.
O que a gente vê são casos recorrentes em assaltos com uso de motocicletas pelos criminosos. Hoje, a motocicleta é um problema para a segurança pública?
É um dos grandes problemas. Por quê? A moto tem uma mobilidade muito grande e é razoavelmente barata. Nem sempre a moto utilizada no crime é produto de ilícito. Às vezes, é legal e tem um proprietário. Mas é o meio utilizado. Para isso, temos que fazer frente a isso e investir em patrulhamento também com motos, as chamadas Rocans, para poder inibir esses roubos. Num ponto de ônibus tem cinco, seis pessoas, vem uma moto e acaba praticando vários roubos de uma vez só. Isso incomoda muito, a gente reconhece, mas tem feito ações contra. Mudamos os horários de operações, intensificamos em alguns pontos identificados. Outro ponto importante é a comunidade não deixar de fazer o boletim de ocorrência. Quando ela começa a informar o que está acontecendo, vamos fazer melhor planejamento de policiamento.
Tem chamado a atenção aumento em roubo de cargas. O que a polícia tem feito para coibir esse tipo de crime?
Isso precisa ser bem analisado em razão do que é o roubo de carga. Um exemplo simples é que se o carro dos Correios é assaltado, levam uma caixa, se enquadra em roubo de carga. Então, quando identificamos alguns pontos de roubo de carga frequentes, fazemos ações quanto a isso. Hoje, essas quadrilhas estão bem estruturadas, praticamente consomem a carga, têm o inibidor de sinal de rastreador. Mas temos que, com trabalho de inteligência, junto com a Civil, trabalhar para reduzir esses roubos.