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Zimbábue tem protestos e violência após eleições

Polícia reprime protestos da oposição após anúncio de vitória do partido governista no pleito parlamentar.

Forças de segurança abriram fogo na capital do Zimbábue, Harare, após simpatizantes da oposição tomarem as ruas. Ao menos um homem foi morto.

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A coalizão liderada pelo grupo opositor MDC (Movimento para a Mudança Democrática, na sigla em inglês) afirma que o partido do governo, Zanu-PF, fraudou as eleições parlamentares e presidenciais realizadas na segunda-feira (30).

Os resultados da eleição parlamentar mostram o Zanu-PF à frente com uma larga folga. A contagem da votação presidencial ainda não foi divulgada.

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Observadores da União Europeia expressaram preocupação quanto à demora para divulgar o resultado do pleito presidencial no país africano.

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O presidente Emmerson Mnangagwa pediu paciência e calma à população. É a primeira eleição no Zimbábue desde a deposição de Robert Mugabe – que governou o país de 1987 a 2017, quando foi afastado por militares.

A coalizão opositora diz que seu candidato a presidente, Nelson Chamisa, ganhou a eleição.

Jornalistas afirmam que a violência desta quarta-feira se limitou ao centro de Harare, um reduto da oposição, e que não houve distúrbios em outras partes do país.

Pumza Fihlani, jornalista da BBC News em Harare, relata que militantes da oposição iniciaram protestos violentos após o anúncio de que o partido governista havia ganhado a maioria das cadeiras do Parlamento, mas que o resultado presidencial ainda não estava pronto.

Portando pedras e paus, gritavam «queremos Chamisa», o candidato do MDC.

Quando a polícia chegou, vários pneus queimavam no centro de Harare. As forças de segurança usaram canhões de água e gás lacrimogêneo contra os manifestantes.

Centenas de opositores revidaram, atirando pedras contra carros da polícia.

Os manifestantes dizem ter pedido a fé no processo eleitoral e que não vão parar até que seu candidato assuma a Presidência.

Quais os resultados anunciados?

A Comissão Eleitoral do Zimbábue anunciou que o Zanu-PF ganhou 122 vagas, contra 53 da coalizão do MDC, segundo a imprensa estatal. Há 210 assentos na câmara baixa da Assembleia Nacional do país.

Mais de 5 milhões de pessoas estavam aptas a votar, e o comparecimento foi de 70%.

A TV estatal ZBC informou que os resultados presidenciais não estavam prontos.

A jornalista Shingai Nyoka, da BBC, diz que o resultado do pleito não foi divulgado porque alguns dos 23 candidatos não compareceram para verificar a apuração.

Para vencer a eleição presidencial, um candidato precisa obter mais de 50% dos votos. Caso contrário, haverá segundo turno em 8 de setembro.

O que dizem observadores externos?

A equipe da União Europeia criticou o atraso em divulgar os resultados eleitorais. A comissão eleitoral tem até o sábado para concluir o processo.

Os observadores europeus dizem ter detectado vários problemas, como desequilíbrio na imprensa, intimidação de eleitores e desconfiança em relação à comissão eleitoral.

É a primeira vez em 16 anos que o governo permite a presença de observadores da UE e dos EUA no país.

O grupo da União Africana afirmou que as eleições «ocorreram num ambiente muito pacífico» e foram «altamente competitivas».

O órgão diz que não confirmou relatos da oposição sobre compra de votos, intimidações por parte do governo e pressão de líderes tradicionais.

Um relatório preliminar de observadores da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral diz que as eleições foram pacíficas e conduzidas de acordo com a lei.

O que dizem os partidos?

A coalizão opositora liderada pelo MDC diz que o partido do governo, Zanu-PF, está tentando fraudar a eleição para permitir a manutenção do presidente Mnangagwa.

O grupo diz que há «claros sinais» de que o Zanu-PF está tentando interferir «no desejo do povo».

Um líder da coalizão disse que o partido do governo comprou votos em áreas rurais.

Um portavoz do Zanu-PF rejeitou as alegações da oposição.

Quem são os principais candidatos

Emmerson Mnangagwa, Zanu-PF

Conhecido como «o crocodilo» por causa de sua perspicácia política – sua corrente partidária é chamada de «Lacoste». Foi acusado de arquitetar os ataques à oposição após a eleição de 2008, quando Mugabe foi eleito para mais um mandato.

Durante a campanha, prometeu criar empregos e é visto como pró-reformas econômicas. Sobreviveu a várias supostas tentativas de assassinato atribuídas a apoiadores do ex-presidente Mugabe.

Nelson Chamisa, MDC

O principal opositor tornou-se parlamentar aos 25 anos, foi ministro aos 31 e pode virar presidente aos 40 anos. Recentemente ordenado pastor evangélico, Chamisa promete reconstruir a economia devastada do país, mas tem sido criticado por promessas extravagantes – como trazer as Olimpíadas para o Zimbábue e criar uma linha de trem bala.

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