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Racismo de torcida faz PUC-Rio perder título de jogos universitários

A PUC-Rio perdeu o título de campeã dos Jogos Jurídicos Estaduais deste ano e não poderá participar da competição em 2019. A punição foi imposta pela Liga Jurídica Estadual, que organiza o evento, por causa de três episódios de racismo envolvendo torcedores da universidade. Os incidentes ocorreram no fim de semana, nas finais da edição de 2018, em Petrópolis, na região serrana.

A PUC, por sua vez, criou uma comissão para apurar os fatos. Relatos de estudantes denunciam que a torcida teria jogado cascas de banana e chamado de macacos atletas negros das universidades adversárias.

Um relatório será elaborado pela comissão em 15 dias. «Após tomar conhecimento, pelas redes sociais, de informações sobre atos de racismo possivelmente ocorridos durante os jogos jurídicos, a Vice-Reitoria para Assuntos Comunitários e o Departamento de Direito da PUC-Rio decidiram constituir Comissão Disciplinar para averiguação das informações e, caso confirmada a veracidade, a apuração e individualização das responsabilidades de membros do corpo discente», afirmaram em nota o vice-reitor comunitário Augusto Sampaio e o diretor do Departamento de Direito Francisco de Guimaraens.

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Alunas de Direito da UFRJ que participavam dos jogos relatam uma série de episódios de racismo durante a competição. «Estou na universidade desde 2015 e convivo com o racismo estrutural», contou Débora Ribeiro, de 22 anos, que joga basquete e handebol e integra a campanha Jogos Sem Racismo. «Nunca tinha presenciado um episódio de racismo tão gritante quanto esses.»

Foram três incidentes ao longo do fim de semana, como esclarece Bruna Fortunato, de 21 anos, que joga vôlei. «O primeiro foi no sábado, no jogo entre a Universidade Católica de Petrópolis e a PUC-RJ, em que uma torcedora da PUC arremessou uma casca de banana em um jogador negro da UCP», contou ela, que também integra a campanha Jogos Sem Racismo. «No dia seguinte, no domingo, houve outro episódio, durante um jogo do basquete masculino entre UERJ e PUC.»

Estava prevista a realização de um ato de repúdio ao episódio racista da véspera. Jogadores negros de diferentes universidades entrariam na quadra de mãos dadas, entre um jogo e outro. No entanto, eles foram impedidos pela organização de fazer a manifestação.

Os alunos da UERJ (primeira universidade do País a adotar cotas raciais no vestibular) ficaram revoltados com a primeira punição imposta à PUC pela agressão da véspera ( multa de R$ 500 e proibição de torcida na final do futsal feminino) e com o fato de não poderem se manifestar. Por isso, começaram a entoar o coro de «racistas, racistas». A reação da torcida da PUC foi a pior possível: começou a imitar macacos e a bater no peito, como símios.

Em texto divulgado nesta segunda-feira, 4, a PUC-Rio diz que o racismo é uma «violência que ainda corrói a sociedade e deve ser enfrentada por medidas repressivas e inclusivas». A universidade destaca que combate manifestações de racismo com «punições disciplinares». «Preservaremos o esforço de contínua melhoria das políticas de promoção da diversidade.»

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