Parentes de algumas das vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001, em Nova York, nos Estados Unidos, acusaram a Arábia Saudita de ser responsável por essas mortes.
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O reino saudita sempre negou essa acusação. Mas um parecer emitido na última quarta-feira rejeitou o pedido do país árabe de acabar com o longo litígio sobre a alegada responsabilidade de Riad nos ataques que causaram o colapso das Torres Gêmeas e deixaram mais de 2.700 mortos.
Os parentes dos que morreram ou ficaram feridos argumentam que a Arábia Saudita e muitas corporações daquele país ajudaram a planejar os ataques e devem pagar bilhões de dólares em danos às vítimas.
A Arábia Saudita pediu aos tribunais em 2015 que rejeitassem todas as acusações contra o país, argumentando que não havia provas das alegações das vítimas.
No entanto, o juiz do distrito de Manhattan George Daniels rejeitou a moção de Riad para que as acusações fossem suspensas.
Segundo o magistrado, as alegações dos queixosos «articulam de forma precisa uma base razoável» para que ele continue com o processo com o respaldo da Lei de Justiça Contra os Patrocinadores do Terrorismo (JASTA, na sigla em inglês).
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Patrocinadores do terrorismo
A Lei de Justiça contra os Patrocinadores do Terrorismo foi aprovada pelo Congresso americano em 2016. Ela permite que sejam tomadas ações legais contra os Estados estrangeiros e funcionários suspeitos de apoiar atividades terroristas, mesmo se elas tiverem sido rejeitadas antes em um tribunal.
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A lei permitiu que sobreviventes e parentes de vítimas de ataques terroristas processassem governos estrangeiros.
Após o 11 de setembro, em que cerca de 3.000 pessoas morreram e milhares ficaram feridas, muitas das famílias das vítimas processaram o governo saudita e diversas corporações daquele país quando foi revelado que 15 dos 19 participantes do ataque eram sauditas.
Parentes e vítimas tentaram processar membros da família real saudita, bancos e organizações que eles alegam serem responsáveis por ajudar no planejamento dos ataques.
Eles argumentam que a Arábia Saudita «tem responsabilidade nos ataques terroristas de 11 de setembro porque seus agentes e funcionários ajudaram direta e conscientemente os sequestradores e conspiradores a realizar os ataques».
As acusações dos parentes das vítimas, no entanto, não haviam conseguido avançar, em parte, devido a uma lei de 1976 que concede imunidade a governos estrangeiros.
A decisão do juiz Daniels inclui ações judiciais de membros da família dos mortos, cerca de 25.000 feridos e de empresas e seguradoras.
Segundo o magistrado, os queixosos podem agora tentar provar que o país árabe é responsável pelas supostas atividades de Omar Al-Bayoumi, que se diz ser um oficial da inteligência, e Fahad Al-Thumairy, funcionário consular saudita que vivia na área de Los Angeles durante o atentado e que também era imã de uma mesquita onde dois dos sequestradores dos aviões teriam ido antes do 11 de setembro.
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‘Deixe a verdade surgir’
James Kreindler, advogado de muitas das famílias demandantes, disse estar «feliz» com o fato de o caso poder prosseguir.
«Estamos pressionando para avançar com este caso e realizar os procedimentos com o reino da Arábia Saudita para que toda a verdade apareça e exponha o papel saudita nos ataques de 11 de setembro», disse à agência Reuters.
O juiz, no entanto, negou prosseguimento aos processos contra dois bancos e uma construtora sauditas, por supostamente fornecer apoio material à Al-Qaeda e seu líder Osama Bin Laden para realizar os ataques, alegando que não havia jurisdição para tal.
A Arábia Saudita tem criticado duramente a lei JASTA desde que ela foi aprovada, em setembro de 2016, argumentando que a norma americana pode violar o princípio da soberania nacional.
O reino chegou a ameaçar retirar investimentos da economia dos EUA e vem pressionando por uma emenda à legislação, que descreve como «um sério perigo para o sistema internacional».