Os Tana Toraja vivem na região de Sulawesi, na Indonésia, e não encaram a morte da mesma forma que nós. Para eles, quando uma vida que chega ao fim o processo após a perda não deve ser abrupto, e sim uma passagem gradual e lenta no qual a alma continua presente em um corpo sem vida e vai dizendo adeus pouco a pouco.
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Por esta razão, as famílias vivem com seus mortos por dias, semanas, meses e às vezes até anos. Na casa, o corpo continuará a compartilhar a vida familiar e fará quatro refeições até o seu funeral. Nesse tempo, sua família se referirá a ele como «makula», a pessoa doente.
Para os Toraja, não existem diferenças entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Portanto, mesmo após o enterro, é comum o povo remover periodicamente os corpos dos seus parentes de seus túmulos para levá-los para casa, dar banho, vestir com roupas novas e oferecer alguns de seus alimentos ou bebidas favoritas.
Na imagem a seguir, feita pelo fotógrafo Brian Lehmann para o National Geographic, amigos e membros da família inspecionam o corpo de Debora Maupa, que morreu em 2009, aos 73 anos. Acredita-se que um corpo bem preservado, mumificado com uma solução de formaldeído e água, atrai a boa sorte.
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Ninguém sabe exatamente quando as práticas de morte começaram naquela região. A língua Toraja foi escrita apenas no início do século 20, então a maioria das tradições antigas ainda são orais.
Recentemente, através da datação por carbono de fragmentos de um caixão de madeira, arqueólogos concluíram que existem práticas de morte dos Toraja que datam, pelo menos, do século IX dC.
Hoje, a região dos Toraja é um enclave cristão – protestantes e católicos – em um país com maioria muçulmana, vivendo uma espécie de cristianismo que se fundiu com as crenças tribais locais. Dessa forma, quase todos os passos do ritual da morte de Torajas são recebidos com orações, leituras de Mateus ou João e a Oração do Senhor.