A morte recente de macacos no Horto Florestal na zona norte de São Paulo, um deles confirmado pelo vírus da febre amarela, repercutiu no ABC. Mesmo sem a região estar classificada na área de risco da doença, o medo ou desconfiança levou usuários aos postos de saúde da rede básica em busca de vacinas. Ontem, entre a manhã e o início da tarde, o Metro Jornal circulou por Santo André, São Bernardo e São Caetano e encontrou filas para imunização.
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Algumas unidades básicas, por exemplo, além de terem dias específicos para vacinação, distribuem senhas. São os casos dos equipamentos do Ferrazópolis e da Vila Dayse, em São Bernardo, que ofertam, cada um, 120 doses por dia. Em Santo André, são 150 diárias – em três pontos da cidade.
“Peguei a senha 92”, diz o serralheiro Wanderley Faria, 43 anos, que tomou a vacina contra a doença na unidade do Ferrazópolis. “Vou para a cidade de Pingo D`Água, em Minas Gerais, no feriado de 20 de novembro. Quero me prevenir”, afirma Faria, acompanhado das filhas gêmeas Jade e Jordana, 1 ano e 9 meses.
Na mesma unidade, por volta das 11h, das 120 senhas, restavam apenas duas para distribuição – vários usuários aguardavam para tomar a dose. A reportagem apurou que nos últimos dias a procura cresceu.
Antes do ocorrido em São Paulo, a rotina diária era de 20 a 25 pessoas à procura da imunização.
Em São Caetano, na enfermaria do Atende Fácil, o auxiliar-administrativo Luiz dos Santos Neto, 34 anos, de São Bernardo, tomou a vacina. “Faço trilha de moto na serra da Cantareira e região. Ando no meio do foco. Não dá para arriscar”, diz.
Dose é só para quem for viajar
“Quem não vai viajar para áreas de risco, não há necessidade de se vacinar contra a febre amarela”, reforça o infectologista Hélio Vasconcellos Lopes.
O médico ressalta a necessidade da imunização, neste momento, apenas da população residente no entorno da área do Horto Florestal, na capital.
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Apesar da recomendação técnica, doses estavam em falta há três dias em clínica particular de São Bernardo.
Pai convoca família pelo ‘Zap’
O alerta para a imunização contra a febre amarela chegou até mesmo pelo grupo da família do Whatsapp. Assim, o clã dos Cinachi, moradores no Jardim São Caetano, em São Caetano, se dirigiu ontem ao Centro de Saúde Dr. Manoel Augusto Pirajá.
“Meu marido é desesperado. Ele diz que quando o governo começa a veicular, significa que a coisa já está enorme. Ele mandou mensagem direto para gente. Por isso estamos aqui”, conta, de forma descontraída, a servidora pública Suzane Luisa de Oliveira, 52 anos.
Ao lado dela, a filha Deborah, 22, o filho Mikael, 26, e o marido, o engenheiro Lusanselmo, 56 – todos Cinachi.
Além do medo por conta das notícias, Suzane disse que a família tem plano de viagem para o próximo ano em local que necessita da imunização contra a doença.
Na unidade, outras quatro pessoas aguardavam para tomar a dose – três deles têm familiares em Atibaia, região com casos. A prefeitura, por nota, diz que 215 doses foram aplicadas de segunda-feira até as 14h de anteontem.
Saiba onde se vacinar
Santo André
US Centro (rua Campos Sales, 575). De segunda a sexta-feira, das 13h às 17h – 150 senhas por dia.
US Utinga (alameda México, 120). De segunda a sexta-feira, das 13h às 17h – 150 senhas por dia.
US Vila Luzita (avenida Dom Pedro 1º, 4.197). De segunda a sexta-feira, das 13h às 17h – 150 senhas por dia.
São Bernardo
UBS Ferrazópolis (avenida Fernando Ferrari, 449). Segunda e quinta-feira, a partir das 7h – 120 senhas por dia.
UBS Vila Dayse (rua Vicente de Carvalho, 255). Terça-feira, a partir das 7h – 120 senhas por dia.
São Caetano
Centro de Saúde (rua Sen. Roberto Simonsen, 282). De segunda à sexta-feira, das 7h às 17h. Atende Fácil (rua Major Carlo Del Prete, 651). De segunda a sexta, das 8h às 16h, e sábados, das 8h às 12h.)