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Santa Casa de BH deixa de atender quase um milhão de pessoas

abraão bruck/cmbh

Em julho de 2011, a Santa Casa de Belo Horizonte alcançava a marca de mil leitos para atendimento via SUS. “Estamos comemorando a importância de uma política de continuidade”, dizia o então ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Quase seis anos depois, os avanços prometidos não ocorreram; pelo contrário. Com um deficit mensal que chega a R$ 4 milhões, a entidade já reduziu a disponibilidade de leitos para pouco mais de 600 e nesta semana 350 funcionários entraram em férias coletivas por conta da diminuição de atendimentos. A quantidade de pessoas que deixam de ser atendidas mensalmente é de que quase um milhão.

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“Estamos restringindo as internações por responsabilidade com a população. Há dificuldades com insumos e medicamentos, além de outros materiais necessários para as cirurgias. Não podemos manter um hospital cheio sem ter condição de atender”, explicou o diretor de assistência à saúde da unidade, Guilherme Ricci.

Grande parte dos procedimentos realizados pela instituição é de média e alta complexidade, como cirurgias neurológicas, transplantes e quimioterapias. “Fomos o primeiro hospital 100% SUS e, naquela época, os contratos que estabelecemos com o poder público eram suficientes para manter as constantes melhorias. Só que as discussões de reajustes foram ficando cada vez mais difíceis”, enfatizou.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde afirmou que não possui dívida aberta com nenhuma instituição. Já o governo estadual informou que alguns dos valores pendentes se referem a resoluções publicadas e que o prazo para pagamento é de até um ano.

No vermelho

Especializado em tratar pacientes com câncer, o Hospital Mário Penna também opera no vermelho e conta com um prejuízo de R$ 1 milhão por mês. Os 58 leitos estão em funcionamento, mas a defasagem permanente pode ocasionar a redução do atendimento. “Os valores previstos não cobrem os procedimentos. A tabela está defasada há 16 anos”, alertou o gerente médico Cássio Andrade.  

Em protesto, hospitais vão cobrir fachada de preto em BH

Em protesto contra os atrasos nos repasses financeiros, a Santa Casa, os hospitais São Francisco e Evangélico e a Maternidade Sofia Feldman vão cobrir as fachadas de preto na próxima sexta-feira. Além das entidades, outras 20 unidades do interior do Estado também vão participar do ato. Os usuários irão receber panfletos explicativos sobre a crise na saúde e a dívida de mais de R$ 250 milhões do governo de Minas. Sem dinheiro, diversos hospitais filantrópicos deram início à suspensão de serviços em Minas.  

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