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Hospital do Andaraí, no Rio, sofre com falta de médicos e infraestrutura precarizada

Em 2014, a reportagem da Band foi ao Hospital Federal do Andaraí, na zona norte, e documentou o caos: por todo canto, médicos trabalhavam no improviso, obras no setor de emergência paradas, a maternidade de portas fechadas e pelo menos dois andares abandonados, tomados pelo entulho. Pacientes se amontoavam pelos corredores.

Três anos depois, a situação é ainda pior. Os andares que estavam inutilizados permanecem fechados e com obras pendentes; a maternidade nunca mais recebeu gestantes e, por falta de contratação de novos médicos e técnicos, os setores da pneumologia e cardiologia fecharam as portas. O medo agora é que mais alas interrompam as atividades por falta de profissionais.

O Centro de Tratamento de Queimados, por exemplo, que é referência no país, perdeu profissionais nos últimos cinco meses e as vagas não foram preenchidas.

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“O caos se aproxima. Se não recontratarem médicos, vamos fechar parte do setor”, alerta Roberto Portes, cirurgião-chefe do Departamento de Queimados.

No lugar da Emergência, o que se vê é mato e abandono.

A obra segue parada, funcionando de forma improvisada na UTI. Macas e camas se misturam num só lugar. O setor conta atualmente com 70 profissionais cujos contratos temporários estão para vencer e não serão renovados.

“Só tem uma sala de atendimento, de sala vermelha. E essa sala, às vezes, não tem bico de oxigênio. Você vê pacientes com tubo sem lugar para botar um oxigênio para fazer nebulização”, disse um funcionário que não quis se identificar.

A falta de leitos faz com que pacientes passem dias em cadeiras, espalhados nos corredores. As internações eletivas, de quem aguardava para ser operado, foram suspensas. No setor de cirurgia vascular e torácica, só no mês de maio, segundo os médicos, oito contratos não foram renovados.

Faltam medicamentos

A oncologia também agoniza. Além do número reduzido de médicos, faltam medicamentos. “Os médicos não têm condição de trabalhar”, expõe Silvino Frazão Matos, chefe do Departamento de Oncologia.

Patrícia Silva descobriu um câncer no colo do útero em dezembro. Já fez sessões de radioterapia, mas não pode continuar o tratamento com a quimioterapia por falta do remédio. “Estou há dois meses sem tomar a medicação. Não tem como esperar. Essa doença não espera”, diz Patrícia.

Médicos já denunciaram a situação ao Ministério Público, mas não tiveram retorno. Entraram com uma ação civil pública, mas o juiz também não se pronunciou. Na ação, os profissionais pedem a renovação dos contratos para manter os médicos e evitar que outros setores fechem as portas.

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