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Religiosos contam como seguem à risca tradições durante a quaresma

Não comer carne vermelha ou cobrir imagens de santos com pano roxo. Essas são algumas das tradições seguidas durante a quaresma – período correspondente aos 40 dias que antecedem a Páscoa.  Apesar de terem perdido força com o passar dos anos, alguns religiosos do ABC ainda têm costume de seguir à risca as chamadas penitências do período.

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O corretor de seguros José Valdemir Barbosa Júnior, 48 anos, trabalha em uma empresa de São Bernardo e é adepto a uma das tradições mais populares, a de não ingerir nenhum tipo de carne vermelha. Para ele, a satisfação de cumprir tal abstinência é o mais importante. “Faço isso pelo respeito à religião, pela minha relação pessoal com Deus”, disse. Ele afirma seguir a condição, passada por seu pai.

A fisioterapeuta Aloma Vermiglio, 29 anos, diz ser a única da família a praticar tradições na quaresma. Ela conta que ficar sem tomar um tipo de refrigerante foi um dos mais difíceis. “Faço voto de abstinência de algo que gosto muito. Cada ano pode ser alguma coisa diferente. Ano passado, fiz de não tomar Coca-Cola, que até então eu era muito viciada, e este ano estou fazendo de carne vermelha”, afirma. “Vi que não era suficiente fazer somente o jejum da Sexta-feira Santa”, completou.

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Durante a quaresma também há quem siga costumes pouco casuais, como é o caso do aposentado Luiz Giolo, 72 anos, morador de Santo André que não corta a barba durante os 40 dias. “Só faço [a barba] no Sábado de Aleluia desde 1966, quando casei. É algo que nenhum familiar segue, é uma promessa pessoal.”

Nestes 51 anos, Giolo relatou que algumas pessoas acham estranho, outras não ligam, mas todos respeitam sua crença. “Vale tudo pela religião”, falou.

A frequentadora da Paróquia Santa Cruz, em Santo André, Daniele Nottoli, 32 anos, diz seguir os costumes da igreja católica há 7 anos. “Pratico a tradição do jejum, da oração e da esmola. Todos os anos, escolho algo para me abster e intensifico minhas orações na paróquia que frequento”, afirmou Daniele, que no período deste ano não comeu carne.

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A professora Camila Zamberlan, 21 anos, faz parte do Batistão, grupo de oração dos jovens da Paróquia São João Batista, em São Caetano, e também segue as penitências há 6 anos. “Acredito que a mortificação da carne e a intensificação na oração nos faz buscar um caminho melhor.”

arte história pascoa

Outras religiões respeitam, mas não seguem costumes

Adeptos de outras religiões, como o islamismo e o budismo, não costumam seguir crenças ou realizar celebrações durante a quaresma.
De acordo com o líder da mesquita Abu Barkr Assidik, em São Bernardo, xeique Kamal Chain, os muçulmanos não têm o período no calendário de comemorações. “Respeitamos os dias sagrados de outras religiões, como a Páscoa, mas dentro do islã só celebramos duas datas: o Ramadã, nono mês do calendário islâmico que celebra o Corão, livro sagrado da religião, e a vinda do profeta Maomé”, disse.
Para Chain, a Páscoa se tornou uma festa que é fortemente ligada ao comércio. “Não acreditamos em algo que foi criado pelo homem, não por Deus. Cada um tem um interesse diferente, todos voltados ao dinheiro, chocolate. Jesus comia ovo de Páscoa naquela época?”, questionou.
O monge Jisho Handa, do templo Busshinji, que fica em São Paulo, disse que não há comemoração parecida dentro das tradições budistas. “É uma outra cultura [a cristã] muito diferente da nossa”, declarou.
O monge disse que, mesmo assim, os budistas respeitam o período e outras manifestações de qualquer outra religião.

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